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3.12.18

AMO O MEU MARIDO MAS PRECISO QUE ELE MUDE

Amo o meu marido mas preciso que ele mude


Quase todos os pedidos em terapia de casal se assemelham a este “grito” de ajuda. Mas será que é este o caminho para uma relação mais feliz? Será que tudo passa pela capacidade de mudança de um dos membros do casal?


A maior parte dos casais que me pedem ajuda entraram, sem querer, no círculo vicioso da “caça ao culpado”. Quando a relação não está bem, quando pelo menos um dos membros do casal reconhece que não está feliz, é fácil cair em discussões perigosas nas quais as queixas se transformam em críticas e ataques pessoais que por sua vez têm como resposta uma postura defensiva e/ou de contra-ataque. De repente, já ninguém está capaz de empatizar com os sentimentos do outro e muito menos de assumir qualquer responsabilidade.

Refiro-me muitas vezes à importância de nos queixarmos, de darmos voz àquilo que sentimos e às nossas necessidades e insisto na mais-valia que está associada à escolha de nos vulnerabilizarmos perante a pessoa que amamos. Mas também digo muitas vezes que isso não é fácil. Porque sempre que nos queixamos, a pessoa que está ao nosso lado também se sente vulnerável, insegura. E, quando permitimos que as emoções tomem conta de nós (em vez de sermos nós a tomar conta delas), é fácil criar equívocos e transmitir a ideia de que está tudo errado.

QUANDO A RELAÇÃO NÃO ESTÁ BEM:
CADA UM PODE ASSUMIR RESPONSABILIDADES


Passa mais tempo a imaginar o que é que o seu companheiro vai dizer, como é que ele(a) vai reagir aos seus apelos do que a analisar o seu próprio comportamento? Acredite, esse não é o caminho para uma relação feliz. As suas queixas são válidas e é importante que as verbalize para construir uma relação verdadeiramente íntima MAS é fundamental que evite atribuir todas as culpas dos problemas da relação às características de personalidade da pessoa que ama.

É preciso que nos afastemos do paradigma «Como é que eu posso “consertar” o meu companheiro?» e que olhemos para as dificuldades de forma mais ampla e justa.


Todas as pessoas têm defeitos, hábitos irritantes. E, quando algumas das nossas necessidades afetivas ficam por preencher, é mesmo muito fácil olhar para as falhas da pessoa que está ao nosso lado com uma espécie de lupa, exacerbando-as, e dificultando o reconhecimento de todas as outras características e hábitos que nos levaram a apaixonar-nos por ela.

No filme Enough Said (Basta de Conversa), esta questão está muito bem ilustrada. A protagonista conhece um homem por quem se apaixona e, pouco tempo depois, conhece a sua ex-mulher. Sem revelar o seu recente relacionamento, começa a ouvir as inúmeras queixas da nova “amiga” a propósito do ex-marido e, sem dar por isso, começa a olhar para o namorado de forma cada vez mais negativa. Aos poucos, o seu comportamento muda: torna-se cada vez mais “implicativa” com hábitos que, até aí, não lhe faziam impressão.

Na vida real isto também acontece:

Quanto mais nos fixamos, às vezes de forma obsessiva, nas falhas da pessoa por quem nos apaixonámos, mais facilmente perdemos a capacidade de apreciar as suas qualidades, de a valorizar de forma justa.


Mas há mais: quando isto acontece, o nosso próprio comportamento muda e aquilo que passamos a dar à relação também. Diminuem os gestos de afeto, diminuem as palavras carinhosas, diminui a capacidade de fazer com que a pessoa que está ao nosso lado sinta que nos importamos com ela. E é a partir daqui que se instalam os círculos viciosos mais destrutivos para qualquer relação: cada um sente-se cada vez mais desconectado e vai investindo cada vez menos.

QUANDO A RELAÇÃO NÃO ESTÁ BEM:
O QUE É QUE CADA UM PODE FAZER?


Se a sua relação tem dado sinais de alarme, se se sente menos feliz, há boas notícias. A ciência nesta área é muito clara em relação àquilo que podemos fazer para reverter os círculos viciosos e voltarmos a sentir que há conexão física e emocional com a pessoa por quem nos apaixonámos:

#1: INVISTA NOS GESTOS DE AFETO E NAS DEMONSTRAÇÕES DE ADMIRAÇÃO.

Obrigue-se a prestar atenção às qualidades do seu companheiro – mesmo nas alturas em que se sente inundado(a) de raiva pelas suas falhas – e manifeste em voz alta esses sentimentos positivos várias vezes ao dia. A ideia não é bajular a pessoa que está ao seu lado mas sim olhar para a relação de forma real, justa e equilibrada.

#2: DEIXE-SE INFLUENCIAR PELO SEU COMPANHEIRO 

Preste MUITA atenção aos comentários do seu companheiro e dê o seu melhor no sentido de encontrar pontos de acordo. Evite tentar provar que você é que tem razão.

#3: ULTRAPASSE OS IMPASSES

É muito, muito fácil mantermo-nos em braços-de-ferro intermináveis quando insistimos em padrões de relacionamento que só nos prejudicam, como é o caso da “caça ao culpado” em que um dos membros do casal insiste em tentar mudar o outro e este resiste, defendendo-se.

#4: VALORIZE O PROJETO A DOIS

Preste atenção aos valores que partilha com o seu companheiro, aos hábitos que construíram a dois e que tornam a sua vida mais feliz. Reflita sobre os sonhos partilhados, sobre o projeto que idealizaram juntos e que muito provavelmente continua a fazer sentido para si.

Terapia Familiar e de Casal em Lisboa