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19.12.18

O NATAL DEPOIS DA SEPARAÇÃO

O Natal depois da separação


A “época mais bonita do ano” pode ser muito dura para quem passa, pela primeira vez, o Natal longe dos filhos. Se o Natal é a festa da família, recheada de tradições que apelam à união, como é que se gere os sentimentos a propósito da desagregação da família? E o que é que os adultos podem fazer para continuar a colecionar memórias felizes?


Ninguém deseja uma separação. Mesmo quando os sentimentos mudam e a certeza do ‘para sempre' dá lugar à certeza de que já não dá, não é fácil avançar para o divórcio. Quando há filhos, o processo é infinitamente maia doloroso: nenhum pai ou mãe quer imaginar como é deixar de estar presente numa parte das rotinas dos filhos. Quando se trata do Natal, tudo parece desesperante. “Como é que eu vou conseguir viver o Natal sem os meus filhos?”, “Como é que eu vou conseguir incentivá-los a viver esta época com alegria se o meu coração estiver inundado de saudades?”, “E se os meus filhos me culparem por ter estragado as suas memórias à volta do Natal?”.


AS CRIANÇAS ESTÃO BEM QUANDO OS PAIS ESTÃO BEM 


Há uma coisa que não me canso de afirmar no meu trabalho com famílias: as crianças precisam, acima de tudo, da certeza de que o pai e a mãe estão felizes. Não há nada que lhes dê maior segurança emocional. É claro que os pais também se entristecem, também vão abaixo, também têm vulnerabilidades. E é bom que as mostrem. As crianças não são seres de vidro, de quem precisemos esconder todas as dores. Pelo contrário, quando lhes mostramos o nosso sofrimento em doses saudáveis, e, sobretudo, quando lhes explicamos que o sofrimento está associado a um acontecimento específico e que VAI PASSAR, ajudamo-las a gerir as suas próprias emoções , sem perfecionismos nem outros exageros.

É deste ponto que todos os pais e mães podem partir: eles têm o direito de estar tristes por não poderem viver o Natal como sempre o viveram, têm o direito de mostrar essa tristeza e têm o dever de arregaçar as mangas e fazer o que estiver ao seu alcance para se adaptarem a esta nova fase da vida. E as crianças também.

FOQUE-SE NO QUE REALMENTE IMPORTA


Não há volta a dar: se o Natal é a festa da família, a grande responsabilidade dos pais e mães é fazerem o que estiver ao seu alcance para garantir que as necessidades afetivas dos filhos sejam preenchidas.

No Natal, tal como no resto do ano, as crianças precisam de paz.


De que adianta perder tempo com braços-de-ferro, guerras sem fim, se isso contribuir essencialmente para que os filhos se sintam tristes ou inseguros? Imediatamente depois de uma separação as emoções ainda estão à flor da pele e o mais provável é que quase tudo seja um ponto de partida para discussões que nunca mais acabam. Se a isso juntarmos a vulnerabilidade de quem vai passar pela primeira vez pelo menos uma parte do Natal sem os filhos, é fácil adivinhar a tensão.

Mas nenhum atraso, nenhuma alteração de última hora justifica que os adultos se envolvam em conflitos intermináveis capazes de minar a felicidade a que as crianças têm direito (também) nesta época do ano.

MANTENHA AS TRADIÇÕES


Nalguns casos, as crianças passam o Natal com cada um dos lados da família em anos alternados. Noutros, a divisão não é tão drástica e cada progenitor tem direito a um dos dias da quadra (24 ou 25). Tanto numa situação como na outra, os adultos podem focar-se nas tradições que é possível manter. O mais importante é que todos se mantenham empenhados em garantir que os rituais que já faziam parte do imaginário das crianças possam continuar a existir, ainda que com a periodicidade adaptada à nova realidade ou com os devidos ajustes. Se há um membro da família que se costumava vestir de Pai Natal na noite de 24 e as crianças só vão estar presentes no dia 25, talvez se possa repetir a dose nesse dia. As crianças vão gostar da ideia e os adultos vão sentir-se mais felizes por poderem continuar a manter algumas tradições e colecionar memórias felizes.

VIVA A FESTA DA FAMÍLIA EM FAMÍLIA


Se vai estar sem os seus filhos durante, pelo menos, uma parte da quadra natalícia, é natural que se sinta incapaz de se abstrair disso. Quando nos fixamos naquilo que nos desagrada e que não controlamos, esquecemo-nos muitas vezes de prestar atenção a tudo o resto. Há certamente várias pessoas que o/a têm ajudado a sentir-se mais amparado(a) nesta fase da sua vida. São pessoas importantes para si, pelas quais provavelmente se sente grato(a). Cultivar este sentimento de gratidão ajudá-lo(a)-á a adaptar-se à sua nova realidade sem dramas.

O amor está (mesmo) em todo o lado e compete-nos vivê-lo nas suas mais variadas formas. Planeie com antecedência com quem vai querer passar uma parte do seu Natal, escolha com carinho e atenção a melhor forma de mostrar os seus sentimentos por essas pessoas e saboreie a oportunidade de o fazer. Não precisa de escolher os presentes mais caros. Talvez possa até oferecer alguns feitos por si. O melhor da vida é podermos dedicar-nos às pessoas de quem gostamos e que sabemos que gostam de nós.

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