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6.12.18

SER A OUTRA

Ser a outra


Quem são as mulheres que “escolhem” ser a outra? Serão elas as culpadas pela destruição dos casamentos? Quais são as vantagens e desvantagens de ser a outra? E porque é que é tantas vezes difícil terminar a relação?


Os homens traem e as mulheres também. Há homens que são “o outro” mas é muito mais raro que essas relações se eternizem. Pelo meu consultório passam muito mais mulheres que estão há anos – às vezes há décadas – numa relação sem futuro. É raríssimo que estes pedidos de ajuda surjam da parte de um homem.


QUEM SÃO ESTAS MULHERES E POR QUE ESCOLHEM SER A OUTRA?


A resposta poderia ser simples: são mulheres como as outras, que amam e querem sentir-se amadas. Nalguns casos, são mulheres que se apaixonaram muito antes de saber que aquela pessoa era casada e que, pelo menos numa fase inicial, também foram enganadas. Claro que também tenho conhecido mulheres que se sentem mais confortáveis neste tipo de relações, com menos amarras, com menos obrigações, MAS essa é claramente uma minoria.

A maior parte das mulheres que se envolvem com um homem casado querem uma relação de compromisso e sofrem por não a terem.


Muitas vezes alimentam a esperança de que o homem por quem se apaixonaram as escolha e saia de casa. Muitas são manipuladas durante anos e vão acreditando que esse dia chegará.

Na maior parte dos casos, trata-se de mulheres com baixa autoestima, com muitos pensamentos distorcidos acerca de si mesmas. Em muitos casos, há um elemento comum: uma infância marcada pela distância emocional na relação com o pai.

E OS HOMENS: POR QUE ESCOLHEM MANTER ESTA VIDA DUPLA?


Se há algo que qualquer psicólogo ou terapeuta conjugal que trabalhe com situações de infidelidade reconhecerá é que há vários “tipos” de infidelidade. Há quem vá à procura de sexo, de novidade e da aventura que se perdeu no casamento. Mas também há quem busque sobretudo a conexão emocional. Há quem tenha vários(as) amantes ao mesmo tempo e há quem mantenha uma verdadeira vida dupla ao longo de décadas.

De uma maneira geral, a infidelidade tem mais a ver com aquilo que a pessoa que trai precisa para se sentir viva, desejada, especial do que com qualquer problema no casamento. E é também por isso que, para algumas pessoas, não faz sentido terminar a relação. Na verdade, as pessoas que são aparentemente felizes no casamento também traem.

QUAIS SÃO AS VANTAGENS E AS DESVANTAGENS DE SER A OUTRA?


É fácil reconhecer que estas são relações onde não há monotonia e onde a novidade está muito presente MAS é difícil olhar para este facto como apenas uma vantagem. Na prática, a ausência de rotinas também é uma desvantagem e, no fim das contas, acaba por ser precisamente uma das queixas mais comuns nestas mulheres.

De um modo geral, nós precisamos de saber com o que é que podemos contar, precisamos de segurança emocional, precisamos que haja rituais que possam ser concretizados a dois e que alimentem a relação. E nada disto existe numa relação extraconjugal.

Não há a possibilidade de sair para namorar em público. Não há a possibilidade de conhecer os amigos e a família alargada da pessoa de quem se gosta. Não há a certeza de um abraço nos momentos mais difíceis.


Além de tudo isto, há quase sempre muitos sonhos que ficam por concretizar. Perdi a conta ao número de mulheres que foram adiando o sonho da maternidade à espera que o homem que amavam decidisse finalmente sair de casa e que, em função disso, deixaram de o poder concretizar.

PORQUE É QUE É TÃO DIFÍCIL TERMINAR ESTAS RELAÇÕES?


Tal como acontece a propósito de qualquer outra relação, quando alguém ama e investe num compromisso é difícil lidar com a sensação de vazio a propósito da rutura. Mas neste casos a aflição pode ser maior por haver uma deterioração da autoestima ao longo da relação. Muitas vezes, a mulher convence-se de que mais ninguém a vai querer e/ou de que não voltará a amar ninguém «daquela maneira».

Dizer «Basta» não é fácil mas é a única forma de dar início a um caminho que traduza maior respeito por si mesma.

Para isso, é importante fazer algumas escolhas que ajudem a fortalecer a autoestima e a seguir em frente: dar os passos possíveis para a concretização de todos os objetivos para lá de uma relação amorosa, cumprir com disciplina as atividades que promovam o bem-estar e recuperar as ligações com familiares e amigos que possam ter ficado para segundo plano pelo caminho.

Terapia Familiar e de Casal em Lisboa