Quão importante é o sexo numa relação de compromisso? O sexo é o mais importante numa relação? Qual é o problema de viver sem sexo? É possível ter uma relação feliz se uma das pessoas não estiver feliz do ponto de vista sexual?
Há casais que vivem sem sexo. Há
casais que se sentem profundamente insatisfeitos em relação à sua sexualidade sem
que isso abale a convicção de que ficarão juntos para a vida toda. Sobrevivem,
apesar da insatisfação. Mas a verdade é que isso não funciona para a maioria
dos casais de hoje.
O sexo é mais uma forma de nos
ligarmos à pessoa que amamos e é mais uma forma de nos sentirmos vivos e
entusiasmados.
Antigamente, casávamos e só
depois do casamento havia sexo. Agora experimentamos, conhecemos mais do que
uma pessoa e só depois de termos a convicção de que podemos ser felizes ao lado
da pessoa “X” é que partimos para uma relação de compromisso. E o sexo é uma
variável importante nessa equação.
A importância do desejo
O desejo está diretamente ligado
à nossa satisfação conjugal. Precisamos de sentir desejo pela pessoa que está
ao nosso lado e precisamos de nos sentir desejados. E a estabilidade das
famílias está dependente dessa satisfação.
A verdade é que qualquer relação
está mais vulnerável ao aparecimento de uma terceira pessoa se pelo menos um
dos membros do casal não sentir desejo suficiente pelo outro ou não se sentir desejado
– mesmo que não ande propriamente à procura desse envolvimento.
Do que precisamos para nos sentirmos satisfeitos sexualmente?
Há muitas pesquisas nesta área
que nos mostram a importância da intimidade emocional na satisfação sexual. De
uma maneira geral, precisamos de sentir que há segurança emocional, que há
coesão, para que nos sintamos satisfeitos também do ponto de vista sexual.
MAS…
Curiosamente, também precisamos
daquilo a que chamo de uma “distância de segurança” em relação à pessoa que
amamos. Aquilo que quero dizer é que uma
das queixas mais frequentes associadas à diminuição do desejo sexual está
relacionada com o “excesso” de segurança emocional. Na prática, qualquer
relação amorosa depende do equilíbrio entre:
Estabilidade
Segurança
Previsibilidade
|
Liberdade
Aventura
Mistério
|
Precisamos de uma dose razoável
de rotina, tanto quanto precisamos de novidade. E esse é um dos maiores
desafios para qualquer relação de compromisso.
Se um destes eixos falhar,
sentimo-nos insatisfeitos. Se não houver previsibilidade, se não soubermos com
o que é que podemos contar, sentimo-nos inseguros e isso afeta a satisfação
sexual. Se não houver mistério e novidade, sentimo-nos entediados e a relação
vai esmorecendo.
O que é que podemos fazer para nos sentirmos mais satisfeitos sexualmente?
Há 3 coisas que nem sempre
valorizamos na medida certa e que condicionam a nossa satisfação sexual e
conjugal:
#1 – GERIR AS EXPECTATIVAS
Nos dias de hoje é frequente
colocarmos demasiadas expectativas nos ombros da pessoa que escolhemos para
viver ao nosso lado. Queremos que seja o melhor amante, o melhor amigo, o companheiro,
o psicólogo, etc. Sabemos que não há relações perfeitas MAS estamos
frequentemente à espera que ele(a) preencha TODAS as nossas necessidades. E,
como se isso não bastasse, sentimo-nos inundados pelas comparações que
involuntariamente fazemos com tudo o que está à nossa volta. As redes sociais são autênticas montras de
vidas-mais-que-perfeitas que, invariavelmente, nos levam a questionar o valor da
pessoa que escolhemos.
Sermos capazes de apreciar as
características – físicas e psicológicas – que fizeram com que nos
apaixonássemos pela pessoa que está ao nosso lado não é tarefa fácil. Em
teoria, reconhecemo-las. Na prática, pode ser preciso um esforço intencional.
#2 – DESFOCAR DA PERFORMANCE,
FOCAR NA EXPERIÊNCIA
O sexo continua muito associado
ao desempenho, à performance. Para os homens, a pressão é terrível. Quando nos
focamos no número de orgasmos, no número de vezes que fazemos sexo e,
sobretudo, quando nos comparamos com outras realidades, desviamo-nos do
essencial. Quando nos centramos nos genitais, esquecemo-nos de uma realidade
incontornável:
Nós fazemos amor com o corpo todo.
Quanto mais disponíveis
estivermos para conhecer as fantasias da pessoa de quem gostamos, aquilo que a
estimula, aquilo que “liga” o seu desejo, e quanto mais nos revelarmos
exatamente na mesma medida, maior será a probabilidade de construirmos uma
relação viva, entusiasmante.
#3 – REALIZAR NOVAS EXPERIÊNCIAS A
DOIS
Não há relação que sobreviva, com
entusiasmo e vivacidade, à monotonia. Uma relação excitante – também do ponto
de vista sexual, está dependente da proatividade dos dois membros do casal. Uma
relação é tão mais entusiasmante na medida em que as duas pessoas não estejam
paradas à espera de sentir prazer debaixo dos lençóis. Quando ambos reconhecem
a importância da novidade e tomam a iniciativa de fazer programas a dois para
se divertirem e através dos quais possam continuar a explorar, a conhecer
coisas novas a dois, maior é a probabilidade de a relação se manter viva.