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18.1.19

PROBLEMAS DE RELACIONAMENTO COM A SOGRA


Problemas de relacionamento com a sogra

É muito mais do que um cliché a propósito do qual se têm feito inúmeras piadas ao longo de séculos: a relação entre noras e sogras é uma fonte de tensão para uma larga maioria dos casais. Na prática, 60 por cento das mulheres reconhecem que a relação com a sogra traz problemas ao casamento. Por oposição, apenas 15 por cento dos homens apresentam esta queixa.




Para a maioria dos casais com quem trabalho, a comunicação torna-se mais difícil quando o marido acha que a mulher está a ser injusta, desvaloriza as queixas e vai rotulando de “normais” os comportamentos (da mãe) com que conviveu toda a vida.

E do que é que noras e sogras se queixam?


A esmagadora maioria das noras queixam-se dos ciúmes das sogras. A esmagadora maioria das sogras sentem-se excluídas pelas noras.

Depois há assuntos específicos que podem ser desencadeadores de conflito e tensão para toda a família:

PROXIMIDADE

De um lado, a queixa é «Agora raramente vejo o meu filho» e do outro é «A minha sogra está demasiado presente na nossa relação».

De uma maneira geral, as mães têm a esperança/ a expectativa de que os filhos possam manter o mesmo nível de contacto e proximidade que havia antes da relação de compromisso. Esperam que a relação amorosa não os impeça de continuar a almoçar ou jantar juntos com regularidade; que os filhos possam socorre-las para mudar uma lâmpada ou outra coisa qualquer, mesmo que seja fora-de-horas; e sentem-se preteridas com as mudanças. Mas quando há um casamento ou uma união de facto, é expectável que algumas rotinas se desvaneçam (para dar lugar às rotinas do novo casal) e isso nem sempre é fácil de gerir. De um lado, há uma mãe que estava habituada a poder contar com o filho para quase tudo e a toda a hora e do outro está uma mulher que se sente desconsiderada quando as rotinas do casal são interrompidas por hábitos antigos.

No meio está normalmente um homem que quer agradar a ambas e que pode sentir-se muito pressionado. Não é fácil dizer «Não», sobretudo a alguém de quem gostamos muito. E também não é uma questão de determinar quem tem razão.

O mais importante é reconhecer que, independentemente da pressão, o casal precisa de criar as suas rotinas, os seus rituais de conexão e que isso não tem de implicar um corte radical com a família de origem.


Às vezes aquilo que é preciso é questionar «O que é que é mais importante agora?» e aceitar que, para que respeitemos as nossas necessidades, precisaremos de dizer «Não» às pessoas de quem gostamos.

DINHEIRO

Alguns pais e mães têm muita vontade de ajudar os filhos do ponto de vista financeiro – emprestando ou dando dinheiro, ajudando com algumas compras ou até aconselhando-os a poupar ou a investir. E está tudo bem desde que, se isto acontecer depois de o filho estar numa relação de compromisso, a ajuda for aceite pelo casal. Se o filho acordar com os pais qualquer forma de ajuda que interfira com o orçamento familiar sem que a decisão tenha sido tomada a dois, o compromisso do casal fica mais vulnerável.

Uma das coisas que fortalece uma relação é a possibilidade de nos sentirmos ouvidos e a certeza de que as decisões importantes são fruto dessa vontade de integrar os sentimentos e a vontade de cada um.

Para um filho, pode não haver qualquer problema associado ao facto de a mãe lhe dar dinheiro, MAS é fundamental que possa interessar-se sobre a forma como a mulher se sente.

Quando os membros do casal se habituam a comportar-se como uma equipa coesa, quando há um «Nós» que sobressai nos assuntos mais estruturantes, a relação sai a ganhar.

CRIANÇAS

Mesmo quando a relação entre noras e sogras é pacífica, há uma probabilidade maior de haver tensão aquando do nascimento do primeiro filho. O nascimento de uma criança é quase sempre gerador de um turbilhão de sentimentos, quase sempre muito positivos. Por um lado, os pais e mães descobrem que há um amor incondicional que nunca tinham sentido e, por outro, os avós descobrem mais uma forma de amar alguém que invariavelmente não vai estar tão presente nas suas vidas como desejariam. Na prática, é a profunda vontade de estar presente que faz com que haja tensão.

As avós tendem a queixar-se de não verem os netos tanto quanto gostariam mas também vão dando “palpites” sobre a forma como acham que as crianças deveriam ser educadas e nem sempre conseguem dar-se conta de que as mães possam sentir-se invadidas ou desrespeitadas.


A intenção é quase sempre a melhor e é fundamental que o casal consiga definir limites claros que permitam que os avós possam participar sem que ninguém se sinta desrespeitado.

MANIPULAÇÃO

Nalguns casos, a tensão é muito mais do que um problema de comunicação. A verdade é que há famílias em que a relação entre noras e sogras é caracterizada por mentiras, comportamentos manipuladores e dissimulação. Às vezes, há um comportamento na presença do filho/ marido e há outro completamente diferente quando ele não está presente. Noutros casos, há esforços claros para convencer o marido/filho a afastar-se. Ainda que algumas destas situações requeiram ajuda terapêutica, é mais provável que os adultos se entendam se houver algumas conversas em que todos os adultos possam revelar-se de forma clara e honesta, expondo as situações que lhes desagradam e reivindicando com respeitando a atenção de que precisam.

REGRAS PARA MELHORAR A RELAÇÃO ENTRE
NORAS E SOGRAS


Não insultar. Não fazer ataques pessoais. Se cada pessoa for capaz de olhar para situações específicas e, a partir daí, identificar os seus sentimentos e as suas necessidades, é mais provável que a comunicação flua. Em vez de dizer «Ela é (…)» é preferível dizer «Quando (…) eu senti-me (…) Preciso que (…)».

Definir soluções a dois. Os assuntos mais importantes devem ser alvo de reflexão a dois – sempre. Aquilo que importa é que os sentimentos e as necessidades de cada membro do casal sejam valorizados e respeitados e que as soluções encontradas para cada assunto sejam soluções de compromisso. Às vezes é um que tem de ceder; outras vezes é o outro.

É o filho que deve falar. A relação entre mãe e filho é uma relação mais afetuosa do que a relação nora-sogra algum dia poderá ser. E é esse afeto que pode ajudar na altura de definir limites e dizer «Não». As decisões devem ser tomadas a dois. O casal é uma equipa. E o filho é o porta-voz da equipa: «Nós decidimos que…».

Ajudar não é definir. Todos os casais podem beneficiar da ajuda da família alargada, sobretudo quando há filhos pequenos. Mas ajudar é ajudar – não é definir regras. Os avós têm muito para dar – aos netos mas também aos filhos e noras.

Estabelecer regras em relação ao essencial. Nenhuma família ganha com a inexistência de regras mas é mais difícil sentirmo-nos genuinamente felizes se houver regras rígidas para tudo e se não houver flexibilidade e permeabilidade à opinião de quem está à nossa volta. Se os membros do casal forem assertivos em relação aos limites que são verdadeiramente importantes para si e assumirem uma postura de disponibilidade e aceitação da participação da família alargada em relação aos assuntos mais triviais, é mais provável que a família se sinta coesa.

Criar rituais de conexão. Na tentativa de encontrar uma solução para cada problema, esquecemo-nos muitas vezes do mais importante: os afetos. São eles que nos ajudam a reconhecer o que é que é mesmo importante, que batalhas devemos travar e quais as lutas que é preferível deixar pelo caminho. Para que uma família possa aprender a gerir conflitos e lidar com situações de tensão, é crucial que haja “balões de oxigénio”, momentos de genuína conexão, relaxamento, cumplicidade, gargalhada. Criar esses momentos, esses rituais, está ao alcance de todos. Quando almoçamos ou jantamos em casa da nora/ da sogra uma vez por semana/ por mês com a intenção de estarmos juntos, também estamos dizer «gosto de ti/si».

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