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28.5.19

COMO MANTER UMA RELAÇÃO FELIZ E DURADOURA



Os opostos atraem-se. Marido e mulher não devem ser amigos. As discussões fazem mal à relação. Estas são algumas das frases que ouvimos a propósito do amor romântico. Será que são verdadeiras? Como é que se constrói relações felizes e duradouras?


Mito #1: Os opostos atraem-se.


Nem todas as relações felizes são feitas de pessoas com interesses idênticos ou características de personalidade semelhantes. Às vezes, a pessoa por quem nos apaixonamos é muito diferente daquilo que tínhamos idealizado e tem poucos atributos que, teoricamente, consideramos atrativos. Por outro lado, há pessoas que física e emocionalmente parecem reunir todas as características da nossa checklist e por quem pura e simplesmente não sentimos paixão.

Aquilo que está por detrás da paixão também é uma questão de química que nem sempre conseguimos explicar. No limite, é possível que nos apaixonemos por alguém muito diferente de nós e que assumamos, de forma autêntica, que os opostos podem mesmo atrair-se.

Mas isso está longe de querer dizer que as relações mais felizes sejam aquelas em que duas pessoas tenham pouco em comum. Mais importante do que isso, este cliché NÃO deve servir para escamotear problemas sérios numa relação. Na medida em que alguém dê por si a sentir-se permanentemente insatisfeito(a) ou, pior do que isso, a sentir-se desrespeitado(a), é essencial que olhe para a realidade como ela é, em vez de tentar enganar-se com esta desculpa.

Quanto mais cedo formos capazes de terminar uma relação que não funciona e/ou em que nos sintamos desrespeitados, mais rapidamente abrimos espaço para viver uma história de amor à nossa medida.


Mito #2: Marido e mulher não podem ser melhores amigos


Há quem tema que a amizade entre marido e mulher possa estragar a relação, transformando-a em algo mais fraternal. Se é verdade que para algumas pessoas o amor romântico acaba por dar efetivamente lugar a algo monótono e desprovido de desejo, na prática, aquilo que as investigações sobre a conjugalidade nos mostram é que a amizade é a base de qualquer relação amorosa.

Sentimo-nos mais felizes e ligados quando temos a certeza de que a pessoa que está ao nosso lado é alguém em quem podemos confiar, alguém a quem podemos revelar-nos e alguém que empatiza com aquilo que sentimos.

Por exemplo, quando falamos de sexo, há um dado curioso que resulta da observação de casais felizes: a forma como reagimos aos «Nãos» é determinante para a satisfação conjugal e sexual. Quando um dos membros do casal diz que não tem vontade de fazer amor, rejeitando a tomada de iniciativa do outro, é fácil reagir de forma explosiva. Mas a verdade é que quando a pessoa que é rejeitada procura compreender os motivos por detrás do «Não» e mostra genuína empatia, os membros do casal acabam invariavelmente por sentir-se mais conectados e isso reflete-se em mais e melhor sexo.


Mito #3: As discussões fazem mal à relação.


Algumas pessoas, sobretudo mais velhas, procuram transmitir a ideia de que é preferível “engolir sapos" e evitar a todo custo que haja discussões. Ninguém gosta de discutir com a pessoa que ama, mas será que as discussões são sempre prejudiciais à relação?

A verdade é que a ciência nos mostra exatamente o oposto. As discussões são essenciais para que possamos construir uma relação verdadeiramente íntima. Quando fazemos alguma coisa que fere a pessoa de quem gostamos e ela se queixa, mesmo que de forma acesa, isso permite-nos conhecê-la exatamente como é, permite-nos saber o que mexe com ela e, claro, permite que façamos alguma tentativa de reparação.




Todas as pessoas erram num relacionamento.
Todas as pessoas fazem porcaria.
Os casais mais felizes estão muito longe de ser perfeitos.
Aquilo que os diferencia é a capacidade de darem voz
aos seus sentimentos e a capacidade de mostrar que se
preocupam genuinamente com os sentimentos do outro.



De resto, quando fazemos as pazes depois de uma discussão, sentimo-nos mais vivos. Há qualquer coisa que muda quando discutimos. A sensação de perda e os esforços que fazemos para mimar, galantear e reconquistar a pessoa que amamos acabam por promover o desejo e mostrar que ninguém está garantido.

Mito #4: Não devemos contar tudo à pessoa que está ao nosso lado.


Há quem diga que a melhor forma de manter a chama da relação acesa é manter algum mistério. A verdade é que os casais que alimentam a sua individualidade e que cultivam interesses para lá do projeto conjugal e familiar são, genericamente, mais felizes, MAS isso está longe de querer dizer que devamos ocultar propositadamente o que quer que seja.

Quando nos revelamos exatamente como nós somos, quando nos vulnerabilizamos e quando percebemos que a outra pessoa está “lá" e se importa, a intimidade emocional aumenta e isso potencia a probabilidade de corrermos riscos que promovam o desejo.


Mito #5: Não devemos mostrar demasiado afeto


A ideia por detrás deste mito está relacionada com os jogos de sedução e com o objetivo de mostrar à outra pessoa que nada está garantido. Algumas pessoas pura e simplesmente não mostram com clareza e regularidade o seu afeto, mas a verdade é que uma relação viva e coesa depende em larga medida dos gestos que mostrem de forma inequívoca os nossos sentimentos.

Na verdade, um dos factos que a ciência nos mostrou foi que as relações mais felizes são construídas por pessoas capazes de mostrar, de forma verbal e não verbal, o amor, a gratidão e a admiração que sentem.

Quando nos habituamos a dizer obrigado pelas pequenas coisas que a pessoa que amamos faz por nós, ou pela relação, por oposição a dizer que não fez mais do que a sua obrigação, sentimo-nos mais próximos e mais felizes. Quando nos habituamos a reconhecer, sem medo, os atributos que valorizamos no outro, ele ou ela sente-se mais feliz e valorizado(a). Quando nos habituamos a mostrar fisicamente aquilo que sentimos – através do toque – sentimo-nos mais amparados.

Há dois factos que ilustram bem a importância das manifestações de afeto:

  • · Quando olhamos para a forma como os casais felizes comunicam, verificamos que por cada interação negativa (momento de tensão ou desconexão), há, pelo menos, cinco interações positivas (demonstrações de carinho ou admiração). Quando este rácio baixa, a relação passa a estar em perigo.
  • · Só 7 por cento dos casais que nunca dormem aconchegados assumem que se sentem satisfeitos do ponto de vista sexual.


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