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16.7.19

BURNOUT DAS MÃES



O que é o burnout parental? E porque é que afeta mais mulheres do que homens? No post de hoje partilho algumas dicas que espero que possam ajudar a prevenir e/ou a lidar com esta situação.

São indiscutivelmente mais mulheres do que homens que me pedem ajuda na sequência de um estado de exaustão relacionado com o exercício da parentalidade. Por um lado, isso está relacionado com o facto de acumularem mais responsabilidades relacionadas com a casa e com os filhos sem deixarem de investir nas respetivas carreiras. Por outro lado, está relacionado com a exigência que colocamos sobre nós mesmas e sobre as mulheres à nossa volta. Somos invariavelmente mais exigentes com as mulheres do que com os homens.

O que é o burnout parental?

O burnout (parental) pode ser caracterizado por um conjunto de sintomas que traduzem um estado de exaustão e que vão desde o cansaço extremo, à irritabilidade constante, perturbações do sono, depressão, ansiedade e impossibilidade de sentir prazer associado ao exercício da parentalidade.

Nem todas as mães mostram os mesmos sintomas e, em função da pressão de que falei antes, é comum que as mulheres guardem para si os próprios sentimentos e que, pelo menos durante algum tempo, tudo pareça “normal”. Mas o burnout é um assunto sério, que merece ser tratado de maneira a que as famílias possam continuar a crescer em genuína harmonia.

O que é que pode ser feito em relação ao burnout das mães?

Se houver um quadro depressivo/ ansioso, o melhor é pedir ajuda especializada. Ninguém merece passar por isto sem ajuda. Paralelamente, há um conjunto de dicas que podem ajudar a prevenir e/ou a lidar com esta realidade:




#1: TEMPO PARA DESCANSAR


É muuuuito mais fácil falar do que fazer. A verdade é que muitas famílias não dispõem de uma rede de suporte que lhes permita usufruir de uma ou outra noite sem filhos e muito menos de tempo para sair e descomprimir. A cada família compete olhar para a realidade e identificar os recursos que existem. Às vezes, aquilo que é possível fazer é redistribuir as responsabilidades domésticas e familiares. Não me refiro apenas a delegar no marido mais tarefas domésticas.

Muitas vezes a exaustão advém sobretudo da sobrecarga mental associada ao facto de ser a mulher a “ter de” pensar e resolver um vasto conjunto de pequenas questões - a marcação de consultas, o planeamento das refeições, as finanças, as visitas à família alargada, os aniversários dos amigos, etc.


Conversar, com abertura e curiosidade, sobre a melhor forma de fazer esta redistribuição pode trazer muito amparo.

Por outro lado, é importante aprender a deixar cair algumas expectativas e aceitar que, para que haja saúde mental e harmonia familiar, é preferível deixar algumas coisas por fazer. Quase todas as mães idealizam um ambiente familiar perfeito, que inclui crianças sempre limpas, cheirosas e bem vestidas e a casa impecavelmente limpa. A realidade pode ser dura de aceitar, mas é infinitamente mais provável que consigamos sentir-nos felizes e gratos por aquilo que temos se aprendermos a dosear expectativas e a fazer escolhas que nos permitam descansar o mínimo indispensável.

#2: TRAVAR SENTIMENTOS DE CULPA

Muitas mulheres alimentam sentimentos de culpa a propósito de não estarem a conseguir ser as mães que esperavam ser e /ou as mães que acham que os outros esperavam que elas fossem. Como referi antes, gerir as expectativas é essencial. Todos sabemos que não há famílias perfeitas nem mães perfeitas, mas, quando olhamos para o lado, sobretudo para as revistas e para as redes sociais, somos inundados de imagens que nos mostram que, afinal, a perfeição talvez exista.

A verdade é que os exercícios de comparação são sempre inúteis e danosos. Quando nos comparamos com outras mães, esquecemo-nos de que, quer se trate de uma figura pública ou da nossa vizinha, a realidade dos outros é sempre diferente da nossa. Os recursos podem ser diferentes, as crianças são diferentes e cada pessoa tem o direito aos próprios sentimentos e às próprias necessidades. A experiência mostra-me que, além de tudo isto, aquilo que observamos de fora é sempre uma pequenina parte da realidade de cada família. Só as pessoas que convivem diariamente dentro da mesma casa sabem o que lá se passa. Por muito que pensemos o contrário, estamos longe de conhecer os desafios e as dificuldades dos outros. Quando nos comparamos com outras realidades estamos a exercer pressão desnecessária sobre os nossos ombros e a alimentar sentimentos de culpa que nos impedirão de sermos as melhores mães que podemos ser.

#3: ACEITAR E PEDIR AJUDA

Não é fácil pedir ajuda, especialmente no que se refira aos nossos filhos. É natural que queiramos ser nós a fazer praticamente tudo e que nos sintamos frustradas por não conseguirmos.

Pedir ajuda a familiares e amigos – para tomar conta dos nossos filhos, para nos substituírem na realização de algumas tarefas ou para nos ajudarem na concretização de outras não deve ser motivo de vergonha.


Pelo contrário, pedir ou aceitar essa ajuda é um sinal de respeito por nós e um sinal de inteligência emocional. Nenhuma mulher é pior mãe por aceitar que a sogra faça algumas refeições que possam ser congeladas, especialmente se isso permitir que a mãe esteja emocionalmente mais disponível para os seus filhos do que estaria noutras circunstâncias. O mesmo acontece em relação à possibilidade de um familiar ou amigo ficar com as crianças para que a mãe possa sair um par de horas e recarregar baterias.

#4: PRESTAR ATENÇÃO AOS SENTIMENTOS

A exaustão pode estar “lá”, mas nem todas as mulheres escolhem prestar a devida atenção aos próprios sentimentos. A verdade é que deste reconhecimento tem de surgir a inevitabilidade de se efetuar mudanças. Se a mãe estiver exausta, alguma coisa tem mesmo de mudar. E isso pode implicar que a família tenha de sair da sua zona de conforto. Não vale a pena adiar o confronto com a realidade e dizer incessantemente – a si e aos outros – que “está tudo bem”. Quanto mais depressa encarar a realidade como ela é, mais rapidamente recuperará o seu bem-estar.

#5: DEIXAR AS CRIANÇAS SEREM CRIANÇAS

Voltamos às expectativas: num mundo ideal as crianças não fariam birras, muito menos em lugares públicos, mas quase todos os pais e mães sabem que essa não é a realidade. As crianças choram – umas mais do que outras –, fazem birras e, em algumas alturas, isso pode ser extenuante. Mas não vale a pena lutar com a realidade ou alimentar sentimentos de pena em relação a si mesma. Quanto maior for a sua (auto)compaixão, quanto maior for a sua compreensão em relação a uma parte da parentalidade que é geradora de tensão, maior será a probabilidade de você conseguir reagir com serenidade a estes momentos difíceis.

Deixar as crianças serem crianças também passa por aceitar que a sua casa não é um museu nem tem de estar sempre imaculada, pronta para ser fotografada para uma revista. A sua família não é a tropa e quanto mais você conseguir relaxar e aceitar que esta é uma fase (que vai passar), mais provavelmente vai conseguir aproveitar a infância dos seus filhos sem stress desnecessário.
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