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28.8.19

GRATIDÃO


Gratidão


O que é a gratidão? Como é que se pratica a gratidão? Quais são os benefícios que essa prática pode trazer para o nosso corpo e para a nossa mente?


Vemos cada vez mais fotos bonitas no Instagram e no Facebook com a legenda #gratidão. Às vezes é uma paisagem de cortar a respiração, outras é simplesmente uma mulher de biquíni. Será que isto equivale a praticar a gratidão? Estaremos genuinamente a sentir-nos gratos quando partilhamos uma fotografia que simbolize um momento feliz? Na maior parte do tempo isso não corresponde à verdade. Na prática, quase todas as publicações deste género se encaixam naquilo a que se pode chamar gratidão teórica ou superficial.



TIPOS DE GRATIDÃO


Quando falamos de gratidão, podemos identificar 3 tipos: a gratidão teórica, a gratidão passiva e a gratidão ativa. Quando falamos da prática da gratidão estamos normalmente a referir-nos à gratidão ativa.

GRATIDÃO TEÓRICA


A gratidão teórica corresponde a todas as situações em que utilizamos a palavra sem “mergulhar” verdadeiramente no sentimento. Até podemos reconhecer, por instantes, que aquele foi um momento positivo, podemos sentir-nos felizes, MAS isso não significa que estejamos capazes de o valorizar na medida certa.

Este tipo de gratidão é observável nas redes sociais, nos e-mails e SMS.

Quando escrevemos “Obrigado” ou “Agradeço a sua mensagem”, nem sempre estamos a atribuir real valor ao gesto da outra pessoa.


Limitamo-nos a utilizar palavras que aparentam gratidão – por cordialidade, simpatia ou simplesmente por estarmos em “piloto automático”. Até há quem escreva “Grato/ Grata” em quase todos os e-mails depois de ter feito algumas leituras sobre a importância de praticar a gratidão, sem que isso implique que o sentimento genuíno esteja patente.

GRATIDÃO PASSIVA


A gratidão passiva acontece em momentos pontuais e normalmente intensos, como a concretização de uma promoção profissional, o início de um relacionamento amoroso, o nascimento de um filho ou a passagem num exame para o qual nos esforçámos muito. Neste caso, há sempre emoções positivas, há muita atenção ao momento presente, há o reconhecimento do esforço necessário para atingir aquele objetivo e também costumam existir planos concretos para o futuro. Nestes momentos, sentimo-nos genuinamente gratos e isso promove o nosso bem-estar.

O problema é que estes são momentos que acontecem de forma esporádica, pelo que o sentimento (e a respetiva sensação de bem-estar) tende a dissipar-se muito rapidamente.

GRATIDÃO ATIVA


A gratidão ativa implica que nos esforcemos DIARIAMENTE para encontrar motivos pelos quais possamos sentir-nos gratos. Implica que prestemos genuinamente atenção ao momento presente e que reconheçamos o valor dos gestos, das pessoas e das relações que fazem parte da nossa vida – por oposição a dá-los como garantidos. Claro que isso requer prática e disciplina.

QUAIS SÃO OS EFEITOS DA PRÁTICA DA GRATIDÃO?


Quando trazemos a prática da gratidão para a nossa rotina:


Sentimo-nos mais próximos, mais empáticos e
mais calorosos das pessoas que nos rodeiam;
Prestamos mais atenção às necessidades
das pessoas de quem gostamos;
Sentimo-nos mais relaxados e mais capazes de
gerir as nossas emoções (positivas e negativas);
O nosso sono melhora
O nosso sistema imunológico melhora
Sentimo-nos mais motivados para a
prática de exercício físico.



COMO É QUE SE PRATICA A GRATIDÃO?


A forma mais fácil – e sólida – de praticar a gratidão é através do “Diário de gratidão”. Este exercício convida-nos a parar todos os dias com a intenção de identificar pelo menos 3 coisas positivas pelas quais nos possamos sentir gratos.

É fundamental parar para escrever (de preferência, à mão) – não basta “pensar no assunto”.


A ideia não é anotar todos os dias acontecimentos extraordinários, como os que referi a propósito da gratidão passiva, mas sim ser capaz de identificar coisas simples e explicar porque é que elas aconteceram e porque é que nos sentimos gratos.

Por exemplo, num determinado dia podemos escrever que nos sentimos gratos por termos ido ao nosso restaurante preferido. Isso aconteceu porque temos trabalho e temos dinheiro que nos permite fazê-lo. Valorizar estes “luxos”, em vez de os tomarmos como garantidos, ajuda-nos a promover o nosso bem-estar. Também podemos agradecer o facto de o(a) nosso(a) companheiro(a) ter lavado a loiça na nossa vez e reconhecer que isso aconteceu porque ele(a) se preocupa connosco e valorizou o nosso apelo num dia em que nos sentíamos mais cansados.

A ciência mostra-nos resultados impressionantes associados a esta prática. É possível observar mudanças no nosso bem-estar emocional ao fim de apenas um mês de prática regular.

Outra forma de cultivar a gratidão consiste na elaboração de cartas de gratidão. Esta é uma maneira de pararmos para agradecer um gesto, ou um conjunto de gestos, de alguém a quem sintamos que ainda não agradecemos na medida certa. É evidente que é uma forma de retribuição e, em função disso, é natural que façamos a outra pessoa feliz, mas aquilo que também é possível observar é que estas cartas promovem o bem-estar de quem as escreve com autenticidade, isto é, “mergulhando” genuinamente no sentimento de gratidão.

Dizer “Obrigado” com atenção plena ao momento presente, isto é, valorizando de forma genuína o gesto de determinada pessoa, é outra forma de alargar a prática da gratidão. Pode ser utilizada nas situações mais simples – quando reparamos na simpatia com que alguém nos atende numa loja, quando agradecemos a ajuda de um colaborador numa qualquer linha de apoio ao cliente ou quando a pessoa de quem gostamos nos vai buscar ao trabalho para tornar o nosso dia mais fácil.

Finalmente, também é possível treinar a gratidão procurando ativamente o lado positivo de cada episódio da nossa vida. Por exemplo, se nos sentirmos “inundados” em trabalho, com e-mails e mais e-mails para responder, podemos lembrar-nos de que nos sentimos genuinamente gratos por termos trabalho e por tudo o que isso nos proporciona. Se estivermos irritados com o tempo de espera para uma consulta num hospital público, podemos sentir-nos gratos pelo nosso Serviço Nacional de Saúde e por todas as coisas que ele nos oferece.

Não é fácil encontrar sempre o lado positivo de cada acontecimento, especialmente nas alturas em que nos sentimos esmagados pela tristeza, pela raiva ou pelo medo. É por isso que é preciso praticar de forma ativa. Quando nos habituamos a fazê-lo, reparamos que tudo na vida nos pode trazer aprendizagens e motivos pelos quais nos sintamos gratos, mesmo os momentos mais difíceis.

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