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23.9.19

O FACEBOOK E AS RELAÇÕES AMOROSAS


O Facebook e as relações amorosas

Que impacto é que o Facebook tem nas relações amorosas? Que escolhas podemos fazer para proteger a nossa relação? E o que é que não devemos mesmo fazer?


«Porque é que ele fez um ‘like’ naquela foto?», «Não estava à espera daquele comentário.», «Será que ela continua a trocar mensagens com ele?». Estas são algumas das inquietações dos utilizadores do Facebook. Entre ‘likes’ e comentários, é fácil criar instabilidade a uma relação, sobretudo quando as regras não estão bem definidas e a comunicação entre os membros do casal não é clara.

Hoje partilho algumas regras que podem ajudar a proteger a sua relação:


NÃO PARTILHAR FOTOGRAFIAS SEM PERMISSÃO


O mais importante é que as regras que um casal segue cá fora também estejam presentes nas redes sociais – no Facebook, no Instagram ou em qualquer outra. E quem define as regras? O próprio casal. Na Internet é mais fácil cometer alguns erros. Um dos mais comuns é a publicação de fotografias.

Há pessoas que não têm qualquer problema em mostrá-las, mas há quem seja mais reservado, e isso tem de ser respeitado. Ou seja, o que é importante é conhecer a pessoa que está ao seu lado, saber o que o(a) deixa desconfortável ou inseguro(a). Algumas pessoas sentem-se tranquilas com a possibilidade de o companheiro mostrar as fotografias das últimas férias de família aos colegas de trabalho, outras não. O mesmo acontece em relação às redes sociais. Se a pessoa de quem gosta não se sente confortável com a possibilidade de você publicar fotos dela no Facebook, não o faça.


NÃO LAVAR A ‘ROUPA SUJA’ EM PÚBLICO


É compreensível, mas não é aceitável. Eu consigo perceber a aflição de quem faz publicações em tom de desabafo depois de um momento de tensão conjugal, mas não consigo validar esse comportamento. Em primeiro lugar, porque ele é danoso para a própria pessoa e, depois, porque é muito provável que isso traga ainda mais problemas para a relação.

É importante que tenhamos a consciência de que quem está do outro lado do ecrã não tem sempre as melhores intenções a nosso respeito, que há pessoas que pela frente nos apoiam, mas por trás até são capazes de nos criticar. Mesmo que do outro lado estejam pessoas que procuram animar, isso não vai ajudar à resolução das dificuldades.

Claro que no meio de uma crise é difícil perceber isso: a pessoa está tão desamparada, tão aflita, que busca por algumas palavras de apoio. Quando desabafamos com um familiar ou amigo, isso pode ser terapêutico porque há alguém que está ali para nós, que quer realmente saber. Mas no Facebook, de uma maneira geral, não há essa disponibilidade.



Mesmo quando alguém pergunta, nos comentários,
«O que é que se passa?», pode não ter genuíno
interesse. A verdade é que se estivermos
genuinamente preocupados com alguém de quem
gostamos telefonamos, combinamos uma visita
– não nos limitamos a fazer um
comentário no Facebook.



E depois há todo o prejuízo para a relação. É muito fácil que o(a) companheiro(a) da pessoa que fez o desabafo no Facebook se sinta traído(a), humilhado(a) e desrespeitado(a). É muito saudável que os casais discutam, mas deve haver limites. Os casais felizes, mesmo quando discutem, respeitam alguns limites: vão até certo ponto, mas não passam daí, porque há um bem maior a proteger: A relação. Ir para o Facebook dizer mal do outro é ultrapassar esses limites.


NÃO SEGUIR O EX


Para a maior parte dos casais, não é saudável seguir o(a) Ex no Facebook.


Em primeiro lugar, há a preocupação com os sentimentos do outro. Mesmo que não se mantenha qualquer ligação romântica com a outra pessoa, não significa que a pessoa ao nosso lado se sinta tranquila e há que respeitar isso.

Se discutiu recentemente com o(a) seu(sua) companheiro(a) sobre isso, pergunte a si mesmo(a) «Porque é tão importante manter a relação com aquela pessoa no Facebook?». Claro que se existir uma genuína amizade fora do Facebook, é natural que a mantenha online. Mas se não, o que é que aquilo acrescenta à sua vida?

Sem querer, algumas pessoas acabam por fazer comparações negativas. Mesmo que já não haja sentimentos românticos pelo(a) Ex, podemos ficar focados no que aquela relação teve de positivo, comparando-a com a relação atual, sobretudo em momentos de tensão. Estes exercícios de comparação fomentam a insegurança da pessoa que está ao nosso lado e impedem-nos de a valorizar na medida certa.


NÃO ‘FLIRTAR’ 


Relembro que as regras devem ser definidas por cada casal. O nosso comportamento online está ligado ao nosso comportamento cá fora: há pessoas mais físicas, mais afetuosas, que se expressam de forma carinhosa e sem maldade. Será natural que ajam da mesma maneira no Facebook, distribuindo beijinhos e abraços. Mas se esses comportamentos forem diferentes do que são cá fora, ou se passarem por cima daquilo que a pessoa que está ao nosso lado sente, isso pode trazer problemas.

Se um dos membros do casal se sentir inseguro, é importante falar sobre os seus sentimentos – sem acusações, sem ataques.


NÃO ENVIAR MENSAGENS ROMÂNTICAS A OUTRA PESSOA


Estas são as situações que mais aparecem no meu consultório, e já têm a ver geralmente com quebra de confiança e algum tipo de traição. De um modo geral, quando há fumo há fogo. Cada um tem o direito à sua privacidade. Mas a partir do momento em que uma pessoa se dá conta de que o companheiro(a) está inseguro(a) em relação àquilo que possa estar a fazer no Facebook, tem de o(a) tranquilizar.

Se uma pessoa se sentir insegura, se suspeitar de que o(a) companheiro(a) tem trocado mensagens românticas com outras pessoas, deve confrontá-lo(a) diretamente, e de forma tão assertiva quanto possível. O que é que não se deve fazer? Vasculhar o Facebook do outro. Mais uma vez, percebo, mas não posso aconselhar. Porque isso não vai trazer nada de bom e só vai deteriorar a autoestima. Então, e se houver suspeitas fortes e a pessoa que está ao nosso lado não admitir? Se não for capaz de confiar na pessoa que está ao seu lado, tem sempre a possibilidade de se afastar. Isso não é fácil, claro, mas pode ser a única forma de se sentir genuinamente em paz.

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