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10.9.19

PORQUE É QUE AS PESSOAS TRAEM?


Porque é que as pessoas traem?

Quais são os motivos que podem levar alguém a trair? O que é que faz com que uma pessoa faça escolhas que podem colocar a relação em risco?


Antes de explorar os motivos que costumam estar associados à infidelidade, importa esclarecer que não são só as pessoas que se sentem insatisfeitas no casamento que traem. Tal como escrevi AQUI, as pessoas felizes também traem.

TRAIÇÃO: OS MOTIVOS




SOLIDÃO

A última coisa que associamos a uma relação amorosa é a solidão, mas há muitas pessoas que se sentem profundamente desamparadas apesar de estarem casadas. Há relações em que deixou de haver intimidade e as conversas se resumem às responsabilidades familiares. Quando isto acontece, as demonstrações físicas de afeto são praticamente inexistentes e há pelo menos um dos membros do casal que sente a necessidade de receber muito mais atenção. É esta necessidade (e a sensação de abandono) que está por detrás do aparecimento de uma terceira pessoa.

INSATISFAÇÃO SEXUAL

Alguns casamentos são praticamente assexuados, caracterizados pela apatia e pela inexistência de intimidade sexual. Nalguns casos, nunca chegou verdadeiramente a existir prazer associado à sexualidade. Isto acontece mais frequentemente com mulheres que foram educadas de forma muito conservadora e que durante muito tempo olharam para o sexo como uma obrigação. Noutros casos, a fantasia, o desejo e a imaginação foram “engolidos” pelos afazeres do dia-a-dia e há pelo menos um dos membros do casal que se sente insatisfeito e que procura, através da relação extraconjugal, voltar a sentir-se vivo, voltar a sentir-se desejado.

MONOTONIA

As rotinas fazem parte da vida de qualquer família e, até certo ponto, contribuem para a nossa segurança e estabilidade. Mas a maior parte dos casamentos depende tanto da estabilidade e da segurança quanto da novidade e do mistério. Se a pessoa que estiver ao nosso lado só conseguir oferecer-nos estabilidade, é mais provável que a relação possa ficar estagnada.

Numa relação feliz existe uma “distância de segurança”, que faz com que olhemos para a pessoa que está ao nosso lado como alguém que tem interesses e hábitos individuais, que vão além da vida a dois ou da vida familiar. Ele(a) não está garantido(a), está em constante evolução, luta pelos seus sonhos e dá-nos a sensação de que há sempre algo mais por descobrir.



Algumas relações estagnam ao ponto de os membros do casal deixarem de se sentir vivos ou desejados. Há pelo menos um dos membros do casal que sente que vive em função das obrigações familiares e a relação extraconjugal surge como algo que, pela primeira vez em muito tempo, reacende a sensação de vivacidade e desejo.

JUVENTUDE PERDIDA

Algumas pessoas, sobretudo de gerações mais antigas, casaram pressionadas pela família de origem (e não porque se sentiam apaixonadas) e desenvolveram relações sólidas, estáveis, mas marcadas sobretudo por um grande sentido de obrigação. Foram educadas segundo a ideia de que um casamento seria para a vida toda, independentemente da satisfação conjugal, e ao fim de 20, 30 ou 40 anos, olham pela primeira vez para os próprios sentimentos. Nalguns casos, a relação extraconjugal surge numa altura em que os filhos já são adultos e apanha toda a gente de surpresa.

Raramente há uma busca ativa do que quer que seja. A pessoa acaba por ser surpreendida pelos próprios sentimentos e faz, pela primeira vez na vida, uma escolha centrada em si mesma.

EXPECTATIVAS

Algumas pessoas admitem que se sentem felizes na relação, mas vivem com a expectativa de serem AINDA MAIS felizes Questionam se serão “suficientemente” felizes: «Será que o amor é isto, ou posso ambicionar mais?». Olham para o enamoramento associado à relação extraconjugal como a possibilidade de viverem um amor mais próximo da perfeição.

É importante olharmos para as relações amorosas de forma realista. Cada vez mais, depositamos muitas expectativas na pessoa que está ao nosso lado: esperamos que seja o(a) nosso(a) companheiro(a), o(a) nosso melhor amigo(a), o(a) melhor amante, etc. Nenhum de nós é perfeito e uma relação sólida depende da capacidade de aceitar a pessoa que está ao nosso lado com todas as suas imperfeições (e da capacidade de valorizarmos na medida certa os atributos que nos levaram a apaixonar-nos por ela).

Quando conseguirmos definir de forma clara as nossas intenções, focar-nos no que queremos para nós, para a nossa vida, prestar atenção aos nossos sentimentos e às nossas necessidades e verbalizá-las de forma clara e firme, é mais provável que consigamos fazer as escolhas conscientes que nos ajudem a manter uma relação que nos faça sentir vivos e entusiasmados.

Terapia Familiar e de Casal em Lisboa