Quais são os sinais de que a pessoa que está ao nosso lado está a ser infiel? A que comportamentos devemos estar atentos para evitar uma traição?
Todos os dias milhares de pessoas
recorrem ao Google com a pergunta «Quais são os sinais de uma traição?», na
esperança de avaliar se a sua relação está ou não em risco. De uma maneira
geral, quando o fazem, sentem a “pulga atrás da orelha” e, mais do que um
manual de instruções para analisar a relação, precisam de uma conversa honesta,
através da qual possam olhar para a realidade como ela é e tomar decisões
importantes.
Hoje escrevo sobre aquilo que a
terapia familiar nos diz sobre o assunto.
Quais são os sinais de uma traição?
#1: IGNORAR OS APELOS DO(A) COMPANHEIRO(A)
Um dos sinais (claros) de que a
pessoa que está ao nosso lado não está com os dois pés na relação tem a ver com
a forma como reage às nossas tentativas para falar sobre sentimentos,
necessidades afetivas ou sobre a própria ligação. É como se não estivesse
verdadeiramente “lá” (e, na prática, não está).
Não há disponibilidade emocional
porque o investimento está a ser feito noutra direção. Nalguns casos, a reação
a qualquer tentativa de ter uma conversa significativa até pode ser de irritabilidade.
Numa relação saudável e feliz
ninguém está permanentemente disponível, MAS aquilo que observamos é que os
membros do casal conseguem ligar-se e acabam por responder com afeto a mais de
oitenta por cento dos apelos do(a) companheiro. Só em menos de vinte por cento
das interações é que um dos membros do casal sente que não está a receber a
atenção de que precisa.
#2: COMPARAR O(A) COMPANHEIRO(A) COM OUTRAS PESSOAS
Há comentários que nos destroem
por dentro, mesmo que não sejam ofensivos ou claramente violentos. Quando a
pessoa que amamos nos aponta o dedo, comparando-nos com outras pessoas,
desvalorizando-nos, isso é quase sempre um mal sinal. Na prática, nem
sempre quer dizer que esteja a trair-nos ou com vontade de o fazer, mas
significa que (já) não está feliz nem se sente capaz de valorizar a relação na
medida certa.
É natural que nos sintamos
insatisfeitos e é desejável que mostremos o nosso desagrado, mesmo que isso
implique que tenhamos de criticar a pessoa que está ao nosso lado. Mas é
desejável que o façamos da forma certa, isto é, centrando-nos nos nossos
sentimentos e respeitando os sentimentos dele(a). Quando fazemos comparações
negativas, deixamos de apreciar as qualidades da pessoa que amamos, deixamos de
sentir orgulho na relação e deixamos de a proteger.
#3: NÃO FALAR SOBRE OS PRÓPRIOS SENTIMENTOS
Em qualquer relação coesa e feliz
há necessidade e vontade de falar sobre o que cada um sente. Algumas pessoas
sentem-se mais confortáveis em fazê-lo do que outras e, em todos os
relacionamentos, há alturas de maior proximidade e alturas de maior
afastamento. Mas, mesmo naqueles períodos em que temos mil coisas para fazer
e parece que não há tempo para nada, acabamos por encontrar forma de falar
sobre o que sentimos. Pelo menos, é isso que acontece quando ainda nos
importamos com a nossa relação, quando ainda contamos com a pessoa que está ao
nosso lado.
Pelo contrário, quando passamos a
investir noutra pessoa, é expectável que percamos a vontade de falar sobre o
que sentimos com o(a) nosso(a) companheiro(a). Às vezes, esta mudança até se
assemelha a alguma paz: Se a pessoa de quem gostamos deixar de se queixar,
podemos convencer-nos de que ele(a) está mais satisfeito(a) com a relação.
A “prova dos 9” acontece quando
reparamos que ele(a) não só não se queixa, como também não “precisa” de
partilhar os sentimentos mais positivos (porque passou a fazê-lo com outra
pessoa).