O que é que é preciso para construir uma relação saudável? Que competências são importantes para que uma relação continue a dar certo?
Ter uma relação que funcione e
que nos faça felizes não depende só de um fator. Primeiro, é preciso que cada
um de nós saiba exatamente aquilo de que precisa para ser feliz, depois é
preciso escolher a pessoa certa e, quando a encontramos, há competências que
são essenciais para que a relação continue a dar certo. Hoje escrevo sobre
essas competências.
#1: AUTOCONHECIMENTO E CONHECIMENTO DO OUTRO
Para que uma relação possa dar
certo, é fundamental que façamos uma boa ideia de quem somos e do que queremos
de uma relação. Só se houver esse autoconhecimento é que vamos ser capazes de
dar voz às nossas necessidades. Por outro lado, é essencial que procuremos
conhecer muito bem a pessoa que amamos.
Conhecer-se bem e conhecer a
pessoa que está ao seu lado é essencial para que você faça escolhas mais
conscientes no dia-a-dia. Por exemplo, se você sabe que a pessoa que ama é mais
ansiosa, esse conhecimento é essencial para que você faça a escolha de não
enviar uma mensagem sobre um assunto sensível a meio do dia, preferindo
conversar sobre isso olhos nos olhos no regresso a casa.
#2: RECIPROCIDADE
A reciprocidade é a capacidade
para reconhecer que, numa relação, ambos têm necessidades e, às vezes, as
necessidades de um são diferentes das do outro (mas igualmente válidas). É a
capacidade de se importar de forma genuína com o que o outro sente e com aquilo
de que precisa.
Por exemplo, se para si o
contacto regular com a família alargada não for tão importante quanto para o(a)
seu(sua) companheiro(a), é importante que faça o esforço e assuma algum
compromisso que o(a) ajude a sentir que você se importa com o que ele(a) sente.
Outro exemplo: imagine que recebe
uma proposta aliciante para trabalhar durante algum tempo longe de casa. A
reciprocidade é a competência que o(a) ajudará a colocar perguntas antes de
tomar uma decisão: «Gostava de aceitar esta proposta. Como é que te sentirias
se passássemos a ver-nos só aos fins-de-semana?» ou «Achas razoável que
possamos alternar as viagens – eu viria a casa nuns fins-de-semana e tu irias
ter comigo noutros?».
#3: REGULAÇÃO EMOCIONAL
A regulação emocional é a
capacidade de olhar para os acontecimentos difíceis com perspetiva, em vez de
alarme. É a competência que nos permite olhar para as dificuldades, obstáculos
e “tragédias” e dizer «De certeza que há uma forma de lidar com isto. Vai ficar
tudo bem». Em vez de dizer «Isto é a pior coisa que já me aconteceu».
A regulação emocional também é a
competência que evita que ajamos de forma impulsiva. Por exemplo, é graças a
ela que conseguimos esperar por uma resposta a uma mensagem em vez de
verificarmos o telemóvel ou o e-mail a cada minuto.
Quando desenvolvemos estas
competências e as aplicamos no dia-a-dia:
- Sentimo-nos mais seguros;
- Preocupamo-nos menos com a rejeição;
- Tomamos melhores decisões;
- Temos mais capacidade de apoiar a pessoa que amamos;
- Reconhecemos mais cedo os sinais de perigo numa relação.