Com a chegada do Facebook e do
Whatsapp às nossas vidas, passámos a constatar que há alturas em que a pessoa a
quem enviamos uma mensagem escolhe ler e não responder – pelo menos, de
imediato.
Como é a sua relação com o telemóvel? Como é que se sente quando a pessoa de quem gosta demora algum tempo a responder às mensagens? Sente-se suficientemente seguro(a) para conseguir ficar à espera de uma reposta? Ou entra numa espiral de ansiedade?
Já escrevi sobre os diferentes tipos
de vinculação amorosa (ou formas de amar) AQUI. Nessa altura, procurei explicar
que alguns de nós têm um padrão de vinculação seguro, enquanto outros têm um
padrão ansioso ou um padrão evitante.
Como é que uma pessoa SEGURA reage ao facto de o(a) companheiro(a) não responder às mensagens de telemóvel?
Depende. Se a outra pessoa
demorar algum tempo a responder às mensagens, é provável que a pessoa com um
padrão de vinculação seguro pense algo como «Ele(a) deve estar ocupado(a).
Quando puder, responde».
E quando a
mensagem é enviada por Whatsapp e o sinal de “visto” fica azul?
Mesmo que haja indicação de que a
outra pessoa leu a mensagem, é pouco provável que uma pessoa segura se sinta
ansiosa ou comece a remoer a propósito do atraso na resposta. «Talvez tenha o
chefe ali ao lado» ou «Provavelmente está cheio(a) de coisas para fazer» são
pensamentos comuns, suficientes para que a pessoa espere pacientemente pela
resposta.
E se o(a)
companheiro(a) se esquecer de responder?
Neste caso, o mais provável é que
a pessoa com um padrão de vinculação seguro seja capaz de perguntar, com
genuína curiosidade «O que é que aconteceu? Reparei que viste a minha mensagem,
mas não chegaste a responder». E se o assunto for realmente importante, será
capaz de mostrar o seu desagrado: «Quando lês as minhas mensagens e optas por
não responder sinto-me triste e ignorado(a). Preciso que me mostres a tua
atenção».
Como é que uma
pessoa ANSIOSA reage ao facto de o(a) companheiro(a) não
responder às mensagens de telemóvel?
De uma maneira geral, para uma
pessoa com um padrão de vinculação ansioso, este é um ponto de partida para uma
espiral de ansiedade e pensamentos negativos.
Quando a ansiedade toma conta da
própria pessoa, podem surgir vários comportamentos de protesto.
Exemplos de protestos de separação:
- Telefonar inúmeras vezes ou enviar várias mensagens;
- Ir ao local de trabalho do(a) companheiro(a);
- Amuar – responder de forma seca e monossilábica na esperança de que o(a) companheiro(a) repare no seu descontentamento, conversar com outras pessoas e ignorar propositadamente o(a) companheiro(a) para o(a) castigar;
- Vingar-se – prestar atenção ao tempo que a outra pessoa demorou a responder às mensagens e fazer o mesmo da vez seguinte (sem perguntar sobre os motivos que levaram à demora).
- Desprezar – Revirar os olhos quando a outra pessoa está a falar, olhar para outro lado ou até sair do mesmo espaço deixando-o(a) a falar sozinho(a) (até que a outra pessoa se lembre de pedir desculpa pelo que aconteceu).
- Ameaçar – A pessoa pode dizer coisas como «Se calhar é melhor terminarmos», «Acho que não queremos a mesma coisa para a relação» ou «Nós não somos compatíveis», na esperança de que a outra pessoa interrompa e o(a) impeça de terminar a relação.
- Manipular – fingir que está ocupado(a), deixar de atender o telefone, provocar ciúmes - por exemplo saindo com um(a) Ex.
Como é que uma pessoa EVITANTE reage ao facto de o(a) companheiro(a) não responder às mensagens de telemóvel?
Muitas vezes estas são “boas
notícias” para alguém com um padrão de vinculação ansioso, já que para estas
pessoas a última coisa que deve acontecer é haver qualquer tipo de “obrigações”.
Como não gostam de se sentir “presos”, não gostam que lhes cobrem respostas
rápidas ou manifestações claras de que a relação é uma prioridade. Quando o(a)
companheiro(a) mostra que se sente à vontade para ler as mensagens e não
responder imediatamente, a pessoa com um padrão de vinculação evitante tende a
sentir que pode fazer o mesmo.