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24.1.20

UM ABUSADOR EMOCIONAL CONSEGUE MUDAR?


Um abusador emocional consegue mudar?

Será que uma pessoa que assuma comportamentos abusivos em relação ao(à) companheiro(a) consegue mudar?

Esta é uma das perguntas mais comuns entre as vítimas de violência – física ou emocional: Será que ele(a) muda? De uma maneira geral, a pergunta resulta da ambivalência que a pessoa sente: por um lado, ainda ama o(a) companheiro(a) e, por outro, está profundamente desgastada com a relação. A maior parte das vítimas de violência emocional lutam durante muito tempo para agradar à pessoa que amam, na esperança de que o seu comportamento possa ajudar a eliminar os comportamentos abusivos. Infelizmente, estas tentativas são quase sempre infrutíferas e até arriscadas, já que a pessoa que pratica os abusos vai fazendo cada vez mais exigências, assumindo um controlo cada vez maior sobre a vida da vítima.



Nos relacionamentos emocionalmente abusivos,
uma parte controla sistematicamente a outra,
minando a sua confiança, dignidade, crescimento,
e estabilidade emocional, e provocando medo,
culpa e vergonha.



Uma pessoa que assuma comportamentos abusivos numa relação pode não o fazer noutra relação?


Sim, mas isso não significa que tenha deixado de ser um abusador. Os abusos emocionais são normalmente praticados por pessoas inseguras e manipuladoras, com dificuldade em empatizar com os sentimentos dos outros. No início de uma relação, o abusador pode assumir comportamentos que aparentemente traduzam respeito pelo(a) companheiro(a), mas, à medida que se sinta mais confiante (de que conquistou a outra pessoa), pode tornar-se tão ou mais agressivo.

Um abusador pode, de facto, mudar?


Sim, pode, MAS essa mudança é rara e envolve MUITO tempo e MUITO trabalho. Quando falamos de abusos emocionais falamos quase sempre de um sistema de valores que está doente e falamos algumas vezes da existência de uma perturbação de personalidade, como a perturbação de personalidade borderline, perturbação narcísica da personalidade ou perturbação de personalidade antissocial.

O que é preciso para que um abusador emocional mude?




#1: Reconhecer que os comportamentos são errados.

O abusador deve ser capaz de identificar todos os comportamentos abusivos. Deve ser capaz de os reconhecer como errados.

#2: Assumir a inteira responsabilidade.

A pessoa que pratica os abusos tem de ser capaz de assumir total responsabilidade pelos seus comportamentos, em vez de responsabilizar a vítima. Quando alguém diz «Eu só agi assim porque tu…» ou «Eu peço desculpa, mas tu…» ou «Eu sei que errei, mas tu…», não está verdadeiramente disponível para assumir a sua responsabilidade e, por isso, não está verdadeiramente capaz de se comprometer com a mudança.

#3: Humildade para pedir desculpa.

A pessoa que pratica os abusos deve ser capaz de empatizar com os sentimentos da vítima, de mostrar interesse pelos danos causados e de mostrar remorsos genuínos em relação ao passado.

Qualquer postura que implique tentar “colocar uma pedra sobre o assunto”, impedindo a vítima de falar sobre o que aconteceu e/ou evitando a demonstração de interesse sobre os sentimentos que resultaram dos abusos são sinais de que não há genuíno compromisso com a mudança.



#4: Disciplina.

A mudança só vai acontecer se a pessoa que pratica os abusos estiver disponível para monitorizar o próprio comportamento com frequência – prestando atenção àquilo que diz e permitindo que a vítima se queixe ou chame a atenção para qualquer situação que seja geradora de desrespeito. Frases como «Estás a ser demasiado exigente», «Não aguento este clima de tolerância zero» ou «Tu és demasiado sensível» são indicadoras da inexistência de um compromisso com a mudança.

#5: Motivação.

A pessoa que pratica os abusos deve ser capaz de mostrar de forma clara, inequívoca e consistente que fará tudo o que estiver ao seu alcance para parar com os abusos. De um modo geral, é mais provável que isso aconteça se o abusador se der conta de que, se não o fizer, há o risco sério de a relação terminar. A motivação é demonstrada através da disponibilidade para ler sobre o assunto e aprender a diferenciar comportamentos abusivos, pedir ajuda profissional e comprometer-se com o processo terapêutico (em vez de contar uma história diferente ao terapeuta e dizer «O psicólogo disse que eu não tenho qualquer problema»).

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