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21.6.23

PARENTALIDADE CONSCIENTE

 


Já se questionou como é que é possível construir uma conexão profunda com os seus filhos sem descurar os limites saudáveis? já imaginou disciplinar os seus filhos sem recorrer a punições ou ameaças? É isso que a parentalidade consciente nos oferece.

Nos últimos anos ouvimos frequentemente falar sobre estilos de parentalidade, educação parental, parentalidade positiva e parentalidade consciente.

Mais do que uma moda, é importante reconhecer que o debate a propósito da parentalidade advém, sobretudo, do resultado da investigação científica sobre o neurodesenvolvimento das crianças. Sim, hoje sabemos muito mais sobre como se desenvolve e como funciona o cérebro das crianças e isso ajuda-nos a compreender (e a aceitar) aquilo de que elas são capazes e aquilo que simplesmente não conseguem (ainda que desejássemos muito que conseguissem).

Por exemplo, (quase) toda a gente sabe que um recém-nascido comunica as suas necessidades através do choro. Se tem fome, chora, se tem sono, chora, se quer colo, chora, se tem cólicas, chora. Para quê? Para que os cuidadores respondam às suas necessidades físicas e afetivas. Há poucas décadas, os pais e mães saíam da maternidade com a indicação de que não deveriam dar "demasiado" colo aos seus bebés para ele não ficarem "viciados". Também lhes era dito que os bebés deveriam ser deixados a chorar "para aprenderem a acalmar-se". Hoje sabemos que estas recomendações são exercícios de violência sobre os bebés! Porquê? Porque NENHUM recém-nascido tem a capacidade de se acalmar sozinho. Aquilo que acontece se deixarmos um bebé a chorar é que ele vai entrar num sofrimento tal que, a páginas tantas, o cérebro "desliga". É um mecanismo de defesa que pode cristalizar-se e trazer inúmeras consequências desagradáveis para as relações que aquele bebé vai desenvolver no futuro, incluindo na vida adulta.

Vamos então descobrir algumas ferramentas práticas que resultam da investigação das neurociências e que se enquandram naquilo a que hoje chamamos de parentalidade consciente. Estas ferramentas podem transformar a sua relação com seus filhos.

Uma ferramenta poderosa é a escuta ativa. Quando você se concentra em ouvir genuinamente os seus filhos, eles sentem-se valorizados e compreendidos. Isso fortalece o vosso vínculo e permite que eles se expressem livremente.

A resolução de conflitos colaborativa é outra ferramenta importante. Ao ajudar os seus filhos a encontrar soluções, colocando-lhes perguntas em vez de lhes dar as respostas, está a permitir que eles desenvolvam a capacidade de resolver problemas. Isso ajuda-os a sentirem-se ouvidos e envolvidos na busca de soluções justas.

A validação emocional é essencial. Quando você reconhece e valida as emoções e os sentimentos dos seus filhos, eles sentem-se seguros para partilhar os seus sentimentos e para se desenvolverem emocionalmente. Isso cria um ambiente de confiança onde eles se sentem à vontade para serem autênticos.

Promover a autonomia é uma ferramenta valiosa. Ao permitir que os seus filhos tomem decisões apropriadas à idade deles, permite que eles desenvolvam a autoconfiança e a capacidade de tomar decisões. Isso ajuda-os a tornarem-se adultos independentes e confiantes.

Cultivar a empatia é fundamental. Ao ensinar os seus filhos a colocarem-se no lugar do outro, eles aprendem a valorizar os sentimentos e perspectivas dos outros. Isso ajuda-os a construir relações saudáveis e respeitadoras.

A paciência é uma ferramenta valiosa na parentalidade consciente. Ao demonstrar calma e paciência perante os desafios, você ensina os seus filhos a controlarem as suas emoções e a lidarem com situações de forma mais tranquila.

Se quiser saber mais sobre este assunto, tenho um ótimo livro para lhe recomendar: "Disciplina sem dramas", de Daniel Siegel. Espreite e delicie-se!



23.5.22

8 SEGREDOS PARA UMA SEXUALIDADE FELIZ



O sexo é aquilo que diferencia uma relação romântica das outras relações afetivas, pelo que, para que nos sintamos felizes e entusiasmados na nossa relação conjugal, também precisamos de sentir satisfação sexual. Quais são os segredos para uma sexualidade feliz?


1. Escolher a pessoa certa

Claro que quando iniciamos uma relação é porque nos sentimos suficientemente atraídos por um conjunto de atributos daquela pessoa que nos levam a acreditar que ela é – ou pode ser – a pessoa certa. Mas a maior parte das pessoas que eu conheço – dentro e fora do consultório – já passaram por desgostos amorosos e muitas dessas pessoas reconhecem que tendem a sentir-se atraídas pelo mesmo “tipo” de pessoas. Como refiro no livro “Manual do Amor”, cada um de nós tem um estilo de vinculação amorosa – seguro, ansioso, evitante ou desorganizado. Num mundo ideal seríamos todos seguros e as relações teriam maior probabilidade de dar certo, mas esse mundo também seria provavelmente mais monótono e entediante. Na prática, há algumas combinações mais desafiantes do que outras e escolher a pessoa certa pode implicar conhecermo-nos suficientemente bem, conhecermos as características e necessidades do nosso estilo de vinculação amorosa e, já agora, aprendermos a reconhecer se a pessoa que nos atrai é ou não aquela que vai ser capaz de vir ao encontro das nossas necessidades.


2. Falar abertamente sobre sentimentos e necessidades, também no que toca à sexualidade.

Um casal que não discute é, por norma, um casal que não se conhece mutuamente, que não tem uma relação que possa ser considerada íntima do ponto de vista emocional e um casal que, mais cedo ou mais tarde, também vai sentir-se insatisfeito em relação à sexualidade. Ora, se no início de uma relação é sobretudo o desejo por “aquilo” que não é nosso que nos move, numa relação de compromisso o desejo anda de mãos dadas com a segurança e com o preenchimento das nossas necessidades. Se nos esquivarmos a falar sobre o que sentimos – dentro e fora da cama – o mais provável é que comecemos a olhar para a pessoa por quem nos apaixonámos como alguém que até pode continuar a parecer-nos fisicamente atraente, mas por quem não sentimos desejo. Todas as pessoas têm problemas, inquietações e dificuldades. Aquilo que costuma diferenciar os casais satisfeitos com a sua sexualidade dos outros não é a inexistência de problemas ou de sentimentos desagradáveis. É, sobretudo, a capacidade de responder com atenção, afeto e compaixão a cada dificuldade.


3. Fazer “conchinha” depois do sexo

Ao contrário do que uma boa parte do cinema e da imprensa nos tenta “vender”, não é o número de vezes que fazemos sexo ou o número de posições do kamasutra que experimentamos que faz com que nos sintamos mais felizes com a nossa sexualidade. Um dos indicadores de satisfação sexual que a ciência nos tem demonstrado é a “conchinha”. Os casais que se sentem mais felizes com a sua sexualidade tendem a aninhar-se um no outro depois do sexo. Na verdade, isso é mais uma demonstração da ligação que sentem.


4. Cultivar a confiança

Pode não ser a frase mais sexy do mundo, mas a amizade é a base de qualquer relação conjugal feliz e é também, segundo a investigadora Emily Nagoski, educadora sexual com décadas de experiência, um dos dois grandes pilares da satisfação sexual (o outro está identificado no ponto 7). Nós podemos ter sexo louco e intenso com um desconhecido, podemos ter sexo diariamente com pessoas diferentes, mas as investigações mostram que as pessoas casadas tendem a assumir que fazem mais e melhor sexo do que quando estavam solteiras. Isso tem tudo a ver com a amizade e com a confiança. Diariamente podemos escolher entre assumirmos uma postura honesta, confiável e transparente ou não. Quando mostramos o que realmente sentimos, mesmo que seja o nosso desagrado, estamos a cultivar a confiança. Quando mostramos que nos importamos com o que a pessoa que amamos sente e que queremos estar “lá” para ela, estamos a cultivar a confiança. Quando honramos os nossos compromissos e fazemos aquilo que prometemos, também.


5. Alimentar a própria individualidade

A sexóloga Esther Perel popularizou o termo “inteligência erótica”. Segundo a investigadora, é dificílimo desejarmos aquilo que já temos, pelo que, se nos descuidarmos, é possível que ao fim de alguns anos passemos a olhar para a pessoa que está ao nosso lado mais como um/uma irmão/irmã do que como um(a) amante. Na prática, a nossa individualidade, aquilo que continuamos a fazer por nós, para além dos planos a dois, é uma das formas de mantermos uma “distância de segurança”, que nos permite olhar um para o outro com a certeza de que há sempre algo para descobrir. É como se aquilo que fazemos por nós, individualmente, nos permitisse aliar uma dose de mistério, de adrenalina e de incerteza à segurança e à previsibilidade que existem nas relações duradouras.


6. Manter a mente aberta em relação à novidade

Uma relação precisa tanto de segurança e previsibilidade quanto de mistério e novidade. Mas não é apenas a novidade na individualidade. À medida que os anos passam, a vida muda-nos. Nenhum de nós é a mesma pessoa depois de vinte ou trinta anos e muitas vezes não é fácil acompanhar as mudanças da pessoa que está ao nosso lado, manter o ritmo. Algumas pessoas deixam de comer carne e passam a ser vegetarianas. Outras descobrem o prazer de viajar depois de os filhos saírem de casa. Ou o prazer do exercício físico. Se cada um estiver disponível para continuar a descobrir o outro e para alinhar em programas novos, experiências novas, aventuras novas, é mais provável que o casal continue a sentir-se unido e entusiasmado.


7. Ir à festa… mesmo quando não apetece

Certamente já passou pela experiência de não ter a mínima vontade de ir a uma festa ou a outro evento, mas acabar por ser arrastado(a) por outras pessoas ou sentir-se na obrigação de marcar presença por consideração a um familiar ou a um(a) amigo(a) e, depois, assumir que foi a melhor coisa que fez porque acabou por se divertir. Nem sempre nos apetece fazer sexo. Às vezes já temos o pijama vestido ou está a começar a nossa série de televisão favorita e é fácil dizer “não”. Mas quando cedemos e nos deixamos levar pelas carícias da pessoa que amamos, acabamos por divertir-nos e sentir prazer. Aquilo que os casais mais felizes com a sua sexualidade têm em comum é a amizade e o facto de darem prioridade ao sexo. Eles aparecem na festa, ainda que, no início, nem sempre lhes apeteça. Isso não significa que estejam sempre disponíveis ou que não haja negas. Claro que há! Outra coisa que estes casais têm em comum é o facto de saberem lidar com as negas: não há culpabilização nem amuos. Há carinho e compaixão.


8. Gerir as expectativas

Os casais felizes NÃO são almas gémeas, não leem pensamentos, não são atores pornográficos, nem chegam diariamente montados num cavalo branco com um ramo de flores na mão. A satisfação sexual tem pouco a ver com performance ou com a frequência das relações sexuais. A maior parte das pessoas faz menos sexo do que gostaria ou do que idealizara. Porquê? Porque a vida acontece. Porque há rotinas que nos atropelam, há problemas que nem sempre conseguimos afastar do nosso pensamento, porque há birras e outras solicitações para gerir, porque há sono, muito sono. De vez em quando podemos ter de colocar na agenda um ou outro lembrete para que não nos esqueçamos de namorar, ou simplesmente reservar tempo e escolher, intencionalmente, manter o resto da vida (preocupações) em stand by. Gerir as expectativas não é baixar a fasquia. É sermos justos e bondosos connosco e com a pessoa que está ao nosso lado.

22.9.21

SERÁ QUE ELE(A) MUDA?

Será que ele/a muda?


Quando gostamos de uma pessoa, mas não nos sentimos felizes na relação, agarramo-nos à esperança de que ele(a) mude e possamos voltar a ser felizes. Às vezes damos por nós a repetir os mesmos erros e a ter dúvidas. Será que ele(a) é capaz de mudar?

Quando nos sentimos infelizes numa relação, é provável que, mais cedo ou mais tarde, façamos um ultimato: «Ou tu mudas, ou a relação acaba». De uma maneira geral, estas palavras são fruto do cansaço, do desespero, da solidão e da mágoa, mas podem facilmente ser encaradas como uma manifestação de falta de amor. Afinal, já todos ouvimos dizer que «Amar é aceitar o outro como ele é» e que «Quem ama não tenta mudar o outro». Estes são clichês que são válidos para a maioria das relações, sobretudo quando falamos de alguns defeitos irritantes, mas inofensivos ou de hábitos de que não gostamos, mas que contribuem para a felicidade da pessoa que amamos.

Quando os comportamentos da pessoa que amamos nos magoam e/ou comprometem o nosso bem-estar e a nossa felicidade, é bom que nos queixemos, que demos voz ao nosso mal-estar e que ofereçamos à outra pessoa a oportunidade de fazer escolhas que nos ajudem a ser felizes. Isso é especialmente importante se se tratar de comportamentos abusivos, como a chantagem emocional, as humilhações, as ameaças ou as explosões. Nesse caso, é mesmo imperativo exigir um compromisso sólido com a mudança, sob pena de a nossa saúde emocional e a nossa autoestima ficarem comprometidas.

Quando a outra pessoa se sente aflita com o risco de a relação terminar e promete mudar, enchemo-nos de esperança num futuro melhor, mas a autenticidade demonstrada num momento de aflição pode dar lugar a uma mão cheia de nada e, então, voltamos a sentir-nos sem chão.


Será que as pessoas mudam (mesmo)?


A boa notícia é que as pessoas mudam. A má notícia é que isso dá trabalho.

Todos nos lembramos de colegas de escola que, no final do ano letivo, se mostravam genuinamente aflitos com a perspetiva de reprovar e que suplicavam aos professores para que lhes dessem nota positiva. Em muitos desses casos, a aflição era acompanhada de um conjunto de promessas que se desvaneciam no ano seguinte.



É fácil comprometermo-nos com a mudança, sobretudo quando há algo que valorizamos e que estejamos em risco de perder, mas algumas mudanças simplesmente vão requerer tempo e um grande investimento.



Como é que podemos saber que ele(a) está mesmo disposto(a) a mudar?


Só o tempo nos poderá dar certezas absolutas sobre o grau de compromisso de uma pessoa, mas há alguns sinais a que podemos estar atentos e que podem alimentar a esperança de que ele(a) mude:


Arrependimento genuíno.

Este é o primeiro passo para a mudança. Está longe de ser condição suficiente, mas é uma condição necessária. Se a pessoa de quem gosta estiver genuinamente arrependida, você vai perceber. O rosto dele(a) vai inundar-se de sofrimento e sentimentos de culpa. Esses sentimentos desconfortáveis são a alavanca para a mudança. Se, pelo contrário, a pessoa de quem gosta oscilar entre palavras de arrependimento e outras que, de forma explícita ou implícita, coloquem a responsabilidade do seu lado, é pouco provável que haja compromisso com a mudança. Por exemplo, se a pessoa que ama o(a) traiu e, depois de numa primeira fase se ter mostrado arrependido(a), passar a dizer que você tem de esquecer o assunto e seguir em frente, dificilmente estará genuinamente capaz de empatizar com o seu sofrimento ou de se comprometer com mudanças. Se ele(a) tiver comportamentos abusivos e, perante as suas queixas, for exclamando «Tu és demasiado sensível», é pouco provável que haja mudanças sólidas.


Há espaço para conversar sobre o que o(a) incomoda.

Quando a pessoa está genuinamente empenhada em mudar e fazê-lo(a) feliz, há disponibilidade para conversar sobre os assuntos geradores de mal-estar. Isso não significa que dê pulos de contentamento ou que mostre uma paciência de santo(a). Significa que mostra que quer mesmo saber do que é que você precisa e que está empenhado(a) em investir em ações concretas.


Investe gradualmente de forma diferente.

Não há mudanças sem ação. Se voltarmos à metáfora da escola, você sabe que um aluno não está verdadeiramente comprometido com a mudança se continuar a dizer que estuda «amanhã». Quando queremos mudar, aproveitamos o hoje para fazer o que estiver ao nosso alcance. Se a pessoa que ama tem estado muito ausente, mais centrada no trabalho ou noutras prioridades, mas estiver comprometida com a mudança, é expectável que você observe um esforço genuíno para reservar tempo para a relação e que ele(a) tenha o cuidado de o(a) informar ou de o(a) consultar quando tiver de voltar a ficar a trabalhar até mais tarde. Se não estiver genuinamente comprometido(a), vai provavelmente escudar-se num conjunto de desculpas para repetir as escolhas de sempre.


Há transparência.

Há poucas coisas que nos ofereçam tanta segurança como o facto de alguém fazer aquilo que diz que vai fazer, sem mentiras nem desculpas esfarrapadas. Quando a pessoa que amamos se mostra empenhada em restaurar a nossa confiança e assume uma postura clara e honesta, isso é sempre um bom sinal. Dizer a verdade não é sempre fácil, sobretudo se a confiança tiver sido quebrada – pode dar origem a alguma insegurança ou até a mal-entendidos. Mas, como é fácil de adivinhar, as mentiras provocam danos ainda maiores e são, invariavelmente, um sinal de que o compromisso com a mudança é muito débil.


Há planos a dois e a sua vontade é considerada.

Uma das características de uma relação infeliz é o sentimento de desconsideração. Quando a pessoa que está ao nosso lado está excessivamente centrada em si mesma, acaba invariavelmente por fazer escolhas que nos magoam e que desconsideram a nossa vontade. Não há um verdadeiro compromisso. Pelo contrário, quando a relação é devidamente valorizada e há compromisso com a mudança, observamos que os nossos sentimentos e as nossas necessidades são tidos em conta e passa a ser possível sonhar a dois.


Ele(a) é capaz de pedir ajuda.

Não há dúvida de que um compromisso é muito mais sólido quando é assumido publicamente. Quando uma pessoa decide fazer dieta ou deixar de fumar, sabe que se falar sobre isso com terceiros há uma probabilidade maior de essa mudança lhe ser “cobrada”. Essa pressão é uma alavanca para a mudança. Quando há comportamentos abusivos, uma traição ou outros acontecimentos que abalem a solidez de uma relação, é importante falar abertamente sobre o assunto com alguém que possa ajudar. Se a pessoa que ama está disponível para pedir ajuda profissional, esse é um bom sinal. Claro que, depois, é essencial que se comprometa com essa ajuda. Também é um sinal positivo se ele(a) assumir os próprios erros junto de familiares e amigos. Pelo contrário, querer esconder os problemas pode indicar alguma desvalorização e menor compromisso com a mudança.


Qualquer um de nós é capaz de mudar, mas, de uma maneira geral, precisamos de sentir-nos suficientemente desconfortáveis para implementarmos mudanças significativas. É natural que queiramos manter-nos na nossa zona de conforto indefinidamente. Se estivermos confortáveis e houver a mínima hipótese de a pessoa de quem gostamos nos aceitar exatamente como somos, não vamos fazer nada para mudar. Se ficar claro que ele(a) só vai manter-se na relação se houver mudanças sólidas, temos duas hipóteses: ou valorizamos mesmo a relação e arregaçamos as mangas com medo de a perder, ou mantemo-nos na nossa zona de conforto à espera que ele(a) ceda.

Qualquer um de nós pode manter-se numa relação que não nos satisfaça. Fazemo-lo quase sempre com a esperança de que, mais cedo ou mais tarde, a outra pessoa se dê conta de que precisa mesmo de mudar. Na prática, somos nós que temos de dar voz àquilo de que precisamos para sermos felizes e isso pode passar por fazer escolhas difíceis, como afastarmo-nos de alguém que amamos, mas que não é capaz de mudar.

11.2.21

COMO AUMENTAR A RESILIÊNCIA

 

Como aumentar a Resiliência

Todas as pessoas passam por situações difíceis ou até traumáticas, mas, na maioria das vezes, têm a capacidade de seguir em frente. O que é que nos permite levantar e arregaçar as mangas de cada vez que caímos? Porque é que há pessoas mais resilientes do que outras? Como é que podemos desenvolver a resiliência?


O que é a resiliência?


A resiliência é a capacidade de nos adaptarmos às situações mais stressantes e desafiadoras da vida. Ao contrário do que possamos imaginar, a maioria das pessoas são resilientes. Claro que um simples olhar à nossa volta nos mostra que há pessoas mais resilientes do que outras. Todos conhecemos pessoas que fazem um drama à menor contrariedade e outras que mostram uma capacidade incrível de se reerguer mesmo nas maiores adversidades. Quando olhamos para desafios intensos como o diagnóstico de um cancro, a perda de emprego ou um divórcio, é evidente que se trata de marcos muito significativos capazes de abalar a felicidade e a estabilidade da maioria das pessoas. Mas também é claro que a maior parte das pessoas que conhecemos acabam por ultrapassar estes desafios, adaptando-se e reerguendo-se.


Podemos desenvolver a resiliência?


Os estudos sobre a Psicologia positiva evoluíram muito nas últimas décadas e contribuíram para o conhecimento que hoje temos sobre este tema. A resiliência está diretamente relacionada com níveis mais elevados de autoconfiança, bom humor, e uma imagem positiva de nós mesmos e a boa notícia é que podemos desenvolvê-la em qualquer momento da nossa vida.


Dicas para desenvolver a resiliência


1.       Conte com o apoio dos outros.


Perante um problema difícil, pode ser tentador fechar-se na sua concha e contar apenas consigo mesmo. As pessoas que cresceram por sua conta, sem sentirem que pudessem confiar ou contar com os adultos à sua volta, podem sentir maior dificuldade em vulnerabilizar-se, confiar nos outros ou pedir apoio. É importante que tenhamos compaixão pelas nossas vulnerabilidades, pelas nossas feridas emocionais, mas que não permitamos que elas se cristalizem e nos impeçam de explorar novos caminhos.


Se tem dificuldade em pedir apoio ou em confiar

nos outros, é porque em algum momento da sua

vida houve a necessidade de esse mecanismo de

defesa surgir, mas isso não significa que hoje não

haja ninguém que seja merecedor da sua confiança.




Desabafar e contar com o apoio dos outros é um meio importante para nos sentirmos amparados e conseguirmos enfrentar com resiliência as adversidades.

 

2.       Olhe para os problemas com flexibilidade.


Não podemos mudar aquilo que nos aconteceu no passado nem podemos mudar alguns acontecimentos do presente, mas podemos mudar a forma como olhamos e reagimos a todos estes eventos. Quando olhamos para trás e identificamos os acontecimentos mais difíceis da nossa vida, temos, pelo menos, duas alternativas. Uma é vitimizarmo-nos, olhar para nós mesmos como coitadinhos, olhar para os acontecimentos como catástrofes em relação às quais nada podemos fazer, olhar para os traumas como inultrapassáveis e para as pessoas que causaram esses traumas como monstros. A outra é olhar para os acontecimentos com abertura e curiosidade e olhar para as pessoas à nossa volta com compaixão, reconhecer as suas próprias vulnerabilidades e o sentido de humanidade comum que está associado à certeza de que cada pessoa faz, num dado momento, o melhor que sabe. De uma maneira geral, esta abordagem ajuda-nos a reconhecer também o lado mais positivo de cada evento negativo. Por exemplo, as pessoas que cresceram com um progenitor alcoólico serão mais resilientes na medida em que sejam capazes de perceber que a forma como esse progenitor cresceu e a forma como recebeu (ou não recebeu) o amor dos seus cuidadores condicionou a estruturação da sua personalidade. Esta compaixão abre espaço para que consigam reparar nos gestos daquele progenitor que mostram afeto, apesar de todas as feridas emocionais.


Quando enfrentamos uma adversidade, podemos olhar para ela como um castigo, interrogando-nos sobre o mal que fizemos para merecer tal catástrofe ou podemos olhar para esse acontecimento com abertura e curiosidade, questionando-nos sobre o que está ao nosso alcance e/ou que lições podemos aprender.



3.       Aceite que o sofrimento faz parte da vida.


«Shit happens», já ouviu dizer? Quando nos confrontamos com uma adversidade, é fácil questionar «Porquê eu? Porque é que isto me aconteceu?», mas a verdade é que a pergunta mais razoável é «E porque não eu?». Olhe à sua volta: conhece alguém que nunca tenha passado por dificuldades sérias? Talvez lhe ocorra responder que sim. Afinal, todos conhecemos pessoas a quem a vida parece estar sempre a sorrir. Ou será que são sobretudo pessoas que assumem uma postura otimista em relação à vida?


Não há um único ser humano adulto que nunca tenha enfrentado uma dificuldade séria – um divórcio, um problema de infertilidade, uma traição, a perda de emprego, o alcoolismo de um familiar, uma doença séria, a perda de um ente querido. Uma das coisas que diferencia as pessoas resilientes é a aceitação de que o sofrimento faz parte da vida. É também por isso que elas arregaçam as mangas mais rapidamente, em vez de perderem tempo a vitimizar-se. Elas não precisam de ver o vizinho a sofrer para reconhecerem a humanidade comum que as liga às outras pessoas. Elas não olham para um momento de dor como uma tragédia que as exclui do direito à vida perfeita que as outras pessoas mostram no Instagram.


Aceitar o seu sofrimento não significa alimentar quaisquer sentimentos de pena de si próprio(a). Significa, isso sim, reconhecer que as tragédias acontecem e que a forma como você responde a essas tragédias vai influenciar (muito) o seu bem-estar. Aceitar que o sofrimento faz parte da existência humana ajuda-nos a reconhecer que, nos momentos difíceis, as escolhas que fazemos podem ajudar-nos a afundar ou a nadar até à tona.


4.       Enfrente os problemas de forma ativa e direta, em vez de os evitar.


Enfiar a cabeça na almofada é um direito seu, pelo menos na medida em que essa seja uma escolha transitória e uma forma de permitir a si mesmo(a) sentir a dua dor. Mas esta opção deixa de ser uma alternativa saudável na medida em que se transforme na única resposta aos problemas. Quanto mais evitarmos confrontar-nos com os nossos problemas, maior é a probabilidade de eles se transformarem em bichos papões que pareçam cada vez mais difíceis de ultrapassar. Enfrentar os problemas, dar-lhes um nome e fazer um plano para lidar com eles é a melhor forma de voltar a sentir que tem controlo sobre a sua vida.

 

5.       Liberte a sua ansiedade.


Cada pessoa tem a sua própria forma de lidar com a ansiedade, mas há escolhas que são mais saudáveis do que outras. As pessoas que se disciplinam no sentido de incluir na sua rotina hábitos como a meditação, a prática de exercício físico ou a realização de hobbies que as ajudem a desconectar-se dos problemas e a descontrair, costumam enfrentar as adversidades com maior resiliência.


6.       Identifique o seu propósito.


A vida leva-nos muitas vezes a um piloto automático em que dificilmente paramos para prestar atenção às coisas que mais valorizamos. Quando estamos demasiado acelerados pelo ritmo frenético das nossas vidas, é fácil sentirmo-nos assoberbados, stressados e frustrados. Parar para prestar atenção às coisas (e às pessoas) que mais valorizamos – praticando ativamente a gratidão, por exemplo – pode ajudar-nos a reconhecer com maior clareza o nosso propósito de vida e a definir objetivos que genuinamente nos aproximem de uma vida mais feliz.


7.       Crie tempo para a brincadeira.


Se quisermos ver uma criança feliz, é só criarmos espaço para que ela tenha a oportunidade de brincar, de preferência acompanhada. Brinquedos + companhia = diversão. Às vezes, nem sequer é preciso que haja brinquedos de verdade. Já reparou como duas crianças se podem divertir com caixas velhas enquanto fingem que se trata de carros em competição? Ou como brincam aos médicos mesmo quando não têm qualquer equipamento que se assemelhe a um estetoscópio? A imaginação e a companhia são o suficiente.


Os adultos também precisam – muito – da brincadeira. Somos muito mais felizes e resilientes na medida em que consigamos incluir nas nossas rotinas tempo para descontrair junto das pessoas de quem gostamos.



E este hábito é ainda mais importante e terapêutico nos períodos de maior stress. Lembre-se disso da próxima vez que disser que não tem tido tempo para fazer as coisas de que gosta.


8.       Foque-se naquilo que pode mudar.


Somos muito bons a identificar as ameaças. Na verdade, o nosso cérebro está altamente programado para isso. Este mecanismo de sobrevivência é essencial nas situações em que a nossa sobrevivência está em causa, como quando estamos na presença de um animal feroz. A questão é que a nossa vida não está sistematicamente em risco.


Quando focamos toda a nossa atenção naquilo

que não controlamos, estamos a desperdiçar a nossa

energia e, mais importante do que isso, estamos a

desperdiçar a oportunidade de canalizar a nossa

atenção para aquilo que podemos mudar.


Por exemplo, quando um pai ou uma mãe perde um filho, é evidente que o seu mundo muda para sempre. A morte é irreversível e deixa-nos com um sentimento de impotência brutal. Não é por acaso que diversos estudos mostram que a prevalência do divórcio é altíssima depois de um acontecimento como este. Mas a verdade é que há muitos casais que se mantêm unidos e cuja relação prospera, apesar de terem enfrentado a maior das adversidades. Estes casais conseguem perceber que aquilo que perderam não tem de lhes roubar aquilo que ficou.  Eles conseguem sentir-se gratos por aquilo que ainda têm e conseguem centrar a sua atenção naquilo que podem fazer para manter aquilo que têm. Esta postura – de praticar a gratidão e de centrar a atenção naquilo que podemos mudar – é aplicável a todas as tragédias da vida.


9.       Pergunte a si mesmo(a): «As escolhas que estou a fazer são boas para mim?».


Se tiver acabado de ser deixado(a) e estiver a passar por um divórcio, é natural que queira seguir todos os passos do(a) seu(sua) ex-companheiro(a). Talvez passe horas nas redes sociais na tentativa de saber se ele(a) tem alguém ou simplesmente para saber se está online. Mas será que essas escolhas lhe fazem bem? Será que o(a) ajudam a ficar melhor? Nem sempre conseguimos fazer as escolhas que nos protegem ou que promovem o nosso bem-estar. Às vezes até sabemos exatamente o que é que “deveríamos” estar a fazer, mas não é essa a nossa escolha. Há uma diferença entre sabermos o que nos faz bem e sermos capazes de nos comprometermos com essa escolha. Mas se formos capazes de trazer esta pergunta para o nosso dia-a-dia, aumenta a probabilidade de sermos genuinamente gentis connosco próprios.


Isto é aplicável às mais diversas adversidades e a pergunta pode assumir diferentes formatos:


Será que eu preciso mesmo de comprar isto?

Será que é bom para mim deixar de ir ao ginásio e ficar fechada em casa a sofrer por amor?

Será que me faz bem ir todas as semanas ao cemitério?

Será que me faz bem alimentar pensamentos como «Nunca vais ser capaz de conseguir aquele emprego»?

Será que me faz bem “googlar” sobre doenças?


10.   Reconheça a sua força.


Olhe para trás e repare na forma como respondeu às diferentes adversidades com que já se confrontou. Que características o(a) ajudaram a ultrapassar esses acontecimentos? Que escolhas contribuíram para que não se afundasse?


Quando olhamos para os acontecimentos mais difíceis da nossa vida, é natural que as recordações estejam maioritariamente relacionadas com os sentimentos desconfortáveis por que passámos, com o sofrimento vivido. Mas a esmagadora maioria destas situações foram ultrapassadas graças à nossa resiliência, às escolhas que fizemos e que também traduzem a nossa força. Por outro lado, estes acontecimentos também acrescentam invariavelmente uma dose considerável de crescimento pessoal. Há competências que nem sequer sabíamos que tínhamos e/ou que foram aprimoradas na resposta às dificuldades. Há aprendizagens que jamais teríamos feito se não tivéssemos passado por certos eventos. Sermos capazes de reconhecer a nossa força, as características que nos ajudam a enfrentar as dificuldades, é fundamental para que reconheçamos a resiliência que há em nós para lidar com o que está por vir.

10.2.21

CONSULTAS DE PSICOLOGIA E TERAPIA DE CASAL ONLINE


Consultas de Psicologia e terapia de casal online

Em tempos de Covid-19 e isolamento, a terapia online é a única forma de receber ajuda especializada no que toca à saúde psicológica. Será que funciona? Como é que se processa? É para todos? Como é que sabemos que podemos confiar?


Há muitos anos que dou consultas através da Internet. Até há um ano, essa era a exceção na minha prática clínica e estava reservada sobretudo para os portugueses que vivem fora do país e para algumas pessoas que, apesar de viverem em Portugal, têm dificuldade em encontrar um psicólogo/ terapeuta conjugal perto da área de residência ou que simplesmente vivem num meio demasiado pequeno, onde todos se conhecem.

Apesar de preferir as consultas presenciais, habituei-me desde cedo a este formato e percebi que a minha ajuda poderia ser muito significativa para quem, por questões logísticas, pudesse sentir-se ainda mais vulnerável. Tenho acompanhado portugueses em países tão longínquos quanto a Arábia Saudita, Angola, Canadá ou os Estados Unidos e muitos espalhados pela Europa. Em comum têm a vontade de receber ajuda na língua em que se expressam melhor. No caso dos portugueses a viver em meios pequenos, é fácil perceber a diferença que poderia fazer consultar um psicólogo local. Não é uma questão de a confidencialidade das consultas estar em causa. Tem a ver com a exposição de entrar numa clínica e só por isso ser motivo de conversas e rumores. Isso é ainda mais difícil quando falamos de terapia conjugal.

Com a chegada do Covid-19 a Portugal, comecei por reconhecer que o contacto presencial com as pessoas que acompanho nos poderia colocar a todos numa situação vulnerável e passei a realizar as consultas através de videoconferência. Dias depois, a Ordem dos Psicólogos emitiu um comunicado em que dizia que todos os profissionais da área deveriam passar a fazer o seu trabalho neste formato. Entretanto, tornou-se óbvio que esta seria mesmo a única forma de nos protegermos.

Para quem nunca fez consultas online, a ideia pode gerar confusão. Afinal, como é que se processa uma consulta de Psicologia clínica ou de Terapia de Casal online? De que forma se pode garantir a confidencialidade e a segurança das consultas? Será que as consultas neste formato funcionam tão bem como as consultas presenciais?

A Terapia online funciona?


Sim. As consultas de Psicologia e terapia familiar são tão eficazes quanto as consultas presenciais. Não é uma questão de opinião. Há diversos estudos que nos mostram essa eficácia.


  •  Há investigações que mostram que a terapia cognitivo-comportamental, que permite estimular a consciência sobre padrões de pensamentos negativos ajudando os pacientes a responder a situações desafiantes, é tão eficaz por videoconferência quanto pela via presencial.
  •   Um estudo mostrou que os adolescentes que realizaram consultas por telefone para a perturbação obsessivo-compulsiva obtiveram tanto sucesso no tratamento quanto os colegas que foram acompanhados presencialmente.
  •   Uma investigação mostrou que os veteranos que sofrem de perturbação pós stress traumático respondem tão bem à terapia por videoconferência quanto ao tratamento recebido no consultório.

No caso da terapia de casal, há claramente uma vantagem nas consultas online: a gestão do tempo. A maior parte dos casais que acompanho são pessoas ocupadas, com dificuldade em conciliar agendas e assegurar que alguém tome conta das crianças durante duas ou três horas. A consulta dura cerca de uma hora e meia, mas, se juntarmos as deslocações, nem sempre é fácil encontrar tempo para que a sessão seja realizada. Quando as consultas são realizadas por videoconferência, contornam-se mais obstáculos e a probabilidade de o casal conseguir comprometer-se de forma consistente com a terapia é muito maior.

Mas há outra vantagem ainda mais significativa: a diminuição do stress. Não há volta a dar: por mais simpático(a) que o(a) terapeuta seja, há quase sempre mais ansiedade quando temos de nos deslocar a uma clínica.

A nossa casa é o nosso porto seguro e pode funcionar como facilitadora do relaxamento e, consequentemente, da capacidade para expormos as nossas emoções de forma mais segura.


Posso confiar no profissional que

está do outro lado do ecrã?


Nos dias de hoje, não faz sentido fazer escolhas clínicas arriscadas. Se não se sente seguro(a) de que o(a) psicólogo(a) que está a pensar contactar seja o(a) mais indicado(a) para si, há alguns passos que pode/deve dar:


  •   A Ordem dos Psicólogos dispõe de uma lista de todos os profissionais registados e autorizados a exercer em Portugal. Certifique-se de que é acompanhado(a) por um(a) psicólogo(a) inscrito na Ordem.
  •  Converse com o seu médico de família e peça uma recomendação. Os médicos de família estão habituados a fazer o encaminhamento para consultas de especialidade e poderão ajudar a encontrar a melhor alternativa.
  •    Se se sentir confortável, peça uma referência a um(a) amigo(a) ou a um familiar. Não há nada como a certeza de que alguém já foi bem-sucedido no acompanhamento psicológico com determinado(a) profissional.
  •   Faça perguntas. Antes de marcar uma consulta, faça uma lista com todas as suas dúvidas. Telefone ou envie um e-mail para o(a) psicólogo(a) que está a pensar consultar. Estas respostas ajudá-lo(a)-ão a fazer a sua escolha. Se não obtiver resposta, isso também o(a) ajudará a fazer a sua escolha 😊.

Com o que é posso contar na terapia online?


As consultas por videoconferência funcionam de forma idêntica às consultas presenciais. Do outro lado do ecrã está um(a) psicólogo(a) isolado(a) no(a) seu gabinete e capaz de assegurar a confidencialidade da consulta. Tal como acontece nas consultas presenciais, a empatia e a ligação são elementos fundamentais para o sucesso da terapia. Se não se sentir confortável com algum aspeto da consulta, procure expor a sua perspetiva.

Na primeira consulta, o(a) psicólogo(a) informa e explica de forma clara como é feita a recolha e registo dos dados clínicos e, no final, partilha uma declaração de consentimento informado que deve ser assinada/ validada pelo(a)(s) paciente(s).



De uma maneira geral, é nesta altura que se elabora
o “contrato terapêutico”, isto é: há um acordo em
relação aos objetivos terapêuticos, periodicidade e
duração das consultas, propostas de exercícios
e formas de pagamento.



Tal como acontece nas consultas presenciais, é legítimo que queiramos obter mudanças rápidas e que nos sintamos desmotivados se elas demorarem a surgir. A minha experiência mostra-me que na maioria das situações há um alívio e um otimismo que resultam logo das primeiras consultas, mas as mudanças mais sólidas envolvem tempo e compromisso.

O início de um processo terapêutico – individual ou familiar – envolve quase sempre muito desgaste e vulnerabilidade. Marcar a primeira consulta é um primeiro grande passo. É uma forma de mostrar a si mesmo(a) que quer cuidar de si, da sua relação ou da sua família. Pode não ser sempre fácil e algumas consultas até podem ser “duras” por tocarem em feridas profundas, mas aquilo que é expectável é que um(a) psicólogo(a) treinado(a) o(a) ajude a aproximar-se gradualmente dos seus objetivos e a sentir-se mais seguro(a), mais feliz e mais capaz.
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Terapia Familiar e de Casal em Lisboa